Sorrir de verdade é sentir que o coração está em concordância com os lábios, é ver o mundo a partir de uma ótica positiva. O escritor e jornalista francês Jean Commerson diz que “o sorriso é o arco-íris do rosto”, o que pode facilmente trazer a interpretação de que um sorriso é capaz de melhorar o dia, a rotina e a vida de alguém, seja a de quem sorriu, seja a de quem recebeu o sorriso.
O hábito tem benefícios que vão desde reduzir o stress até proporcionar bem-estar para quem sorri. O dicionário define o sorriso como a expressão facial em que os lábios de distendem para os lados e os cantos da boca se elevam ligeiramente. É uma expressão de alegria e amabilidade, mas que também pode ser vista como ato de ironia, desdém e malícia.
Mostrar os dentes pode significar muitas coisas, no caso dos animais pode ser uma resposta de agressividade. Por exemplo, macacos fazem isso quando estão estressados. Segundo o psicólogo clínico João Aristides Almeida, para os seres humanos, o sorriso se tornou uma expressão associada ao bem-estar. “Lembre de quando você está rodeado de pessoas queridas em um momento de descontração. O sorriso, em alguns casos, pode ser indicador do grau de relaxamento em que estamos naquela situação específica, de momentos de nossas vidas, ou ainda de algumas situações vexatórias, o tal 'rindo de nervoso'”, exemplifica.
Ele ressalta que os sorrisos são as únicas expressões que não são indicadores de níveis de bem-estar psicológicos, e, por esse motivo, é importante atentar-se aos sinais para saber quando será necessário buscar ajuda psicológica para que questões cotidianas possam ser conversadas e esclarecidas.
“Já há evidências acerca dos efeitos benéficos do sorriso no âmbito fisiológico: liberação de hormônios como a serotonina e a endorfina. Inclusive, quando estamos sob efeito desses hormônios, costumamos dizer que estamos alegres e felizes", diz o psicólogo clínico João Aristides Almeida.
Aristides diz que vale lembrar que pela perspectiva da interação, para que os hormônios sejam produzidos, é interessante levar um estilo de vida que promova experiências motivadoras. “É importante destacar aqui que o sorriso pode também fazer parte do que chamamos de flexibilidade psicológica, processo relacionado a uma forma de lidar com adversidades que naturalmente acontecem ao longo de nossas vidas”, comenta.
Sorrir é o melhor remédio, inclusive para o coração. Não é por acaso que acolher as pessoas com um sorriso cria a ideia de proximidade. O médico Ibraim Masciarelli, membro do Comitê Científico da Sociedade Brasileira de Cardiologia, explica que o hábito faz bem para a saúde em geral e para a saúde cardiovascular, em particular. “Ao sorrirmos exercitamos a musculatura do rosto, mas também diminuímos o efeito de sensações negativas e das tensões emocionais sobre nosso organismo. Hoje é reconhecido que o bem-estar psicossocial é um determinante importante da saúde cardiovascular e sorrir ajuda a caminharmos para o lado positivo das coisas”, pontua.
Abrão Cury, cardiologista do Hospital do Coração de São Paulo (Hcor), diz que quanto maior o nível de espiritualidade de uma pessoa, maior é a sua capacidade de lidar com as adversidades do cotidiano, e é isso que protege o coração. ”O sorriso é a interiorização de momentos felizes. Você lembra que a felicidade não é uma coisa, nós temos momentos queridos, ninguém é feliz o tempo todo, não tem como isso acontecer.”
Ibraim ressalta ainda que, no ato de sorrir, aumentamos o trabalho do músculo, e, quando o sorriso é realmente autêntico, são liberadas substâncias químicas que auxiliam na diminuição do efeito negativo de qualquer situação ou emoção. “O efeito positivo do riso pode durar por muito tempo após seu término, até 45 minutos. Sorrir e rir melhora o fluxo sanguíneo e ajuda a evitar o aumento de pressão arterial que sempre acontece quando ficamos irritados”, exemplifica.
Para Abrão, o sorriso em si não tem influência, mas o que ele representa ao ser humano. “As pessoas vão ter menos descargas energéticas, vão ter menos liberação de adrenalina, vão ter menos liberação de cortisol produzidos pelo organismo e vão manter o coração menos estimulado à elevação da frequência cardíaca, ou ter menos elevação da pressão arterial. São esses os fatores que levam a uma proteção do sistema cardiovascular”, completa.