Temido utensílio de cozinha, a panela de pressão foi criada em 1679 pelo físico francês Denis Papin. A ideia era encontrar uma forma mais eficaz de cozimento, que fosse capaz de amolecer os ossos e cozinhar a carne em pouco tempo. O item passou por diversas adaptações no seu material até chegar ao aparelho como conhecemos hoje.
A empresa Ruston Alimentos aponta que, em 1905, a empresa norte-americana Presto Company começou a comercializar os modelos em alumínio, popularizando o objeto nos Estados Unidos e de cujo material logo foi substituído por aço inoxidável.
No Brasil, em 1948 a panela de pressão chegou graças à empresa Panex. Os donos, que eram libaneses, instalaram a fábrica em Ipiranga, no estado de São Paulo. Logo os brasileiros foram conquistados. Agora era possível fazer o feijão de forma mais rápida.
Diferentemente do cozimento em uma panela normal, na qual a água atua na pressão atmosférica e vira vapor aos 100 ºC, na panela de pressão a água começa um processo de vaporização nessa temperatura. Parte desse vapor fica na panela e parte sai pela válvula. Essa ação faz com que a pressão se intensifique e o alimento fique pronto mais rapidamente.
Antônio Gomes Souza Filho, professor do Departamento de Física da Universidade Federal do Ceará (UFC), explica que é o aumento da temperatura de fervura provocado pelo aumento da pressão interna que acelera o cozimento.
"Esse reforço de pressão provoca o aumento da temperatura de ebulição da água que atinge, no caso da panela de pressão, algo em torno de 120 ºC. Esse aumento de temperatura acelera as reações químicas provocando um cozimento mais rápido", afirma.
Transformações ao longo do tempo
O primeiro modelo criado por Papin era em ferro fundido, material pesado. Já nesse protótipo havia uma tampa com válvula, similar às panelas que existem atualmente. As mais recentes são feitas com aço inox, material mais leve e duradouro.
Já em 1905, a fábrica norte-americana Presto Company começava a fabricação em alumínio. No auge do processo de industrialização, rapidamente começou a confecção das panelas em aço inox.
Segundo a revista Gama, publicada no UOL somente em 1948 que o produto chegou ao Brasil. A empresa fundada por uma família libanesa Panex tinha como ideia principal importar o produto dos Estados Unidos. Porém, decidiram abrir a empresa no interior de São Paulo e assim conseguiram conquistar todo o País.
As evoluções da panela de pressão não se restringiram apenas no campo culinário, atualmente é possível encontrar no mercado versões elétricas do produto. Criado em 2009 por Robert Wang, o produto é chamado de Instant Pot e é a junção de panela de pressão, uma panela de cozimento lento, uma panela de arroz, uma iogurteira e muitos outros utensílios em um só dispositivo.
O produto também é sucesso na internet, aparecendo na lista de produtos mais vendidos a partir de 2015. Com o passar dos anos os números de pedidos só aumentam. Foi um dos produtos mais comprados na Amazon em 2017 durante a Prime Day, evento que acontece com muito descontos em produtos e foi o produto mais comprado nos Estados Unidos e Canadá.
Hoje mais de 90% das vendas são realizadas pela plataforma, segundo dados da própria Amazon revelados em 2019. Atualmente é possível encontrar modelos feitos por marcas brasileiras que funcionam de forma parecida ao Instant Pot.
Há diferença no cozimento dependendo do produto usado na fabricação?
Segundo o professor Antônio Gomes, quem controla a pressão é a válvula. "Ela é projetada de tal forma que o material que é feito a panela suporte com segurança a pressão gerada". Ele afirma também que não adianta subir muito a pressão pois a partir de um certo ponto a temperatura de ebulição da água aumenta muito pouco, então não se ganha muito para cozinhar mais rápido.
Precisa ter medo ao usar a panela de pressão?
É importante ter cuidado ao usar, mas não precisa ter medo. Por conta da diferente forma de cozimento, usando a pressão, o mais comum são os casos que envolvem a explosão do material. Segundo o 1º tenente do Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (CBMCE), Ronaldo Pacífico Xavier da Silva, além da importância da limpeza e manutenção da válvula, é necessário “aplicar a recomendação do manual da panela de pressão sobre o tempo de permanência no fogo.
Não é aconselhável ultrapassar 15 minutos a partir do início da fervura. Observar o som característico da panela, que quer dizer que a fase de cozimento do alimento se iniciou. A partir desse momento se deve estar atento aos tempos de cozimento dos alimentos que são distintos para que não se ultrapasse”, complementa.
O tenente complementa ao dizer que é preciso ter atenção especial em três itens: a válvula controladora de pressão, a válvula de segurança e a borracha da tampa. “Estes itens devem ser considerados antes mesmo do uso. Se a válvula controladora estiver obstruída, a de segurança é acionada, mas se esse acionamento não ocorrer, pode ocorrer a explosão que é o mais grave”.
Perguntado sobre em que momento abrir a tampa, ele relembra da importância do tempo de cozimento. “O tempo de cozimento deve ser olhado com cuidado, com o início do barulho da pressão. É sempre interessante abrir a tampa após o tempo de cozimento indicado para cada alimento. A pressão da panela deve sair de forma natural.’”