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Chumbo em copos térmicos: quais os riscos para o corpo humano?
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Chumbo em copos térmicos: quais os riscos para o corpo humano?

Entenda em quais circunstâncias o produto pode representar um risco para a saúde
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Imagem de apoio ilustrativo: mau uso dos copos pode desencadear problemas ao sistema nervoso e renal (Foto: Reprodução/Freepik)
Foto: Reprodução/Freepik Imagem de apoio ilustrativo: mau uso dos copos pode desencadear problemas ao sistema nervoso e renal

Com a promessa de manter as mais diversas bebidas geladas por mais tempo, os copos térmicos têm se popularizado no País durante os últimos anos. No entanto, após uma das mais famosas marcas do produto assumir a presença de chumbo em sua composição, surgiu uma dúvida: os copos podem representar algum risco para a saúde?

A princípio, não. Conforme comunicado emitido pela empresa Stanley, o chumbo presente no copo se mantém isolado por uma camada de aço inoxidável, material sem nenhum prejuízo ao corpo humano, que impede qualquer contato do metal pesado com o usuário.

O chumbo exerce um papel importante nos copos, garantindo o isolamento a vácuo do líquido e evitando trocas de calor, conservando-o assim em baixas temperaturas por mais tempo.

No entanto, neste e em outros produtos que objetivam a conservação de alimentos ou bebidas, o cuidado ao manusear, limpar e guardar é essencial para garantir um uso seguro e duradouro.

Para o professor do Departamento de Química Analítica e Físico-Química da Universidade Federal do Ceará (UFC), os principais riscos aparecem quando os produtos sofrem algum tipo de avaria como arranhões, amassados, ou até mesmo perda de alguns pedaços.

“Ele [risco] está muito associado a danos no material. Se aplica o mesmo princípio, por exemplo, [quando] existe o risco dos alimentos enlatados. A recomendação é que você não consuma nem adquira nenhum tipo de alimento que você perceba algum dano no frasco metálico. Obviamente você vai estar inserido dentro de um contexto de risco de exposição do tipo de metal o qual compõe aquela liga do recipiente. A durabilidade está ligada diretamente à manutenção dos padrões iniciais de fábrica”, explica o químico.

André também pontua que as consequências dessa exposição a metais vai depender do nível de contato com o material. Em casos de exposições contínuas ao chumbo, por exemplo, o consumidor pode desenvolver desde dores no corpo até tipos de câncer, além de problemas no sistema neurológico e renal.

Apesar do baixo risco de contato com esses elementos químicos em produtos com padrões de qualidade atestados pelas empresas, ainda é importante se atentar a alguns sinais de danos que podem ser detectados, como alterações no gosto ou na cor dos líquidos ingeridos.

“Eu acho um risco muito baixo [de contaminação]. Com relação à identificação da presença desse tipo de contaminante, isso poderia ser possível a partir da percepção de algo estranho nas propriedades do próprio alimento. Você teria uma diferença no sabor, no gosto ali da bebida, no caso de um copo”, conclui o docente.

Exposição pode levar a problemas cardiovasculares

Em eventual contaminação, um dos sistemas afetados pelo chumbo é o cardiovascular. Por ser um metal pesado, a substância pode resultar na lesão de órgãos ligados ao coração, dependendo da quantidade a qual o consumidor foi exposto.

A questão pode ser agravada devido ao efeito cumulativo que o chumbo tem no nosso organismo. Segundo o cardiologista Augusto Vilela, o corpo humano não consegue expelir as quantidades ingeridas desse material e por isso, com o passar do tempo, se torna cada vez mais vulnerável aos danos causados por ele.

No sistema cardiovascular, a presença de chumbo pode alterar a pressão arterial e aumentar o risco de arritmias, a partir do estímulo de fenômenos elétricos dentro do corpo. Outro ponto ressaltado pelo médico é o perigo que o uso inadequado do material pode ter para gestantes, já que o chumbo ingerido pode chegar até o feto, prejudicando o desenvolvimento da criança.

“Uma gestante que tenha contato com o chumbo, esse chumbo pode atingir o feto e levar a lesões irreversíveis no feto, principalmente no sistema nervoso central”, alerta Augusto.

Para os homens, o risco está em uma possível redução do número de espermatozoides produzidos, o que pode levar a alterações genéticas nos descendentes de um pai exposto ao chumbo.

Crianças podem ser mais afetadas pelo chumbo

A infância é uma fase muito importante da vida porque o corpo está constantemente em processo de mudança. Durante essa época, alguns sistemas ainda estão se aperfeiçoando, e qualquer dano a eles pode ter o efeito potencializado.

Para o neurologista Rodrigo Carvalho, este é o principal fator que coloca as crianças como um grupo de risco para os efeitos do chumbo. Por poder afetar qualquer parte do corpo humano, a exposição ao metal tem potencial para causar diferentes reações como anemia e alterações cognitivas, por exemplo, um menor nível do Quociente de Inteligência (Q.I).

“É o grupo mais vulnerável por vários aspectos. Primeiro pelo fato de ter uma absorção maior do que os adultos. Eles podem ter uma absorção em torno de 40% a 50% maior. A segunda coisa é que geralmente as crianças estão em um processo de desenvolvimento e a relação da superfície corporal dela com o nível de exposição é maior. Pequenas quantidades de chumbo podem ter um efeito muito mais deletério nas crianças do que nos adultos”, indica o médico.

Tratamento

- Uso de quelantes, substâncias usadas para tratar intoxicações por metais (aplicação pode ser via oral ou por injeção);

- Também é possível realizar verificação no nível de chumbo no corpo, em casos de suspeita de contaminação. O teste verifica a dosagem do material no sangue e em casos de presença maior que 50 microgramas/m3, é recomendável o início do tratamento.

Fonte: Rodrigo Carvalho, neurologista. 

Tratamento

- Uso de quelantes, substâncias usadas para tratar intoxicações por metais (aplicação pode ser via oral ou por injeção);

- Também é possível realizar verificação no nível de chumbo no corpo, em casos de suspeita de contaminação. O teste verifica a dosagem do material no sangue e em casos de presença maior que 50 microgramas/m3, é recomendável o início do tratamento.

Fonte: Rodrigo Carvalho, neurologista.

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