João do Cumbe, do quilombo do Cumbe, em Aracati, é militante do Movimento Quilombola do Ceará, do Movimento de Pescadores(as) Artesanais, da Organização Popular (OPA), da Rede Brasileira de Justiça Ambiental e doutorando em História Social pela Universidade Federal do Ceará (UFC).
Ele comenta que um dos grandes desafios das comunidades é resistir sem apoio. "Temos que lidar com pessoas que praticam grilagem, tentam invadir nossas terras e não temos apoio
dessas organizações."
Ele complementa: "A partir da emissão do certificado a Fundação Palmares desaparece, deixando as comunidades órfãs". Entre o reconhecimento cultural e a titularização existe um espaço de tempo muito grande em que o povo quilombola fica à mercê, de acordo com ele.
Há uma constante luta contra o preconceito racial e religioso. O estudante de Medicina na UFC, Diogo dos Santos, nascido na Comunidade Serra da Rajada, em Caucaia, comenta que já sofreu preconceito de pessoas próximas. "As pessoas têm uma visão estereotipada do que é ser quilombola."
Ele fala que quando começou a se autodeclarar quilombola, escutou comentários como: "Você não é quilombola porque mora na cidade", "Você é bonito demais para ser quilombola" ou "Você não é tão preto assim".