Queimadas, desmatamento, manejo inadequado do solo e sobrepastoreo, são as principais causas da desertificação. No Ceará, especificamente, o clima de semiaridez e o solo raso contribuem para o processo, visto que, por não estarem protegidos pela vegetação, as águas pluviais não se infiltram nele, resultando no carreamento superficial.
"No Ceará, principalmente nas áreas do sertão, ainda utilizam muita lenha como matriz energética, então isso causa um desmatamento desordenado e o solo fica exposto a intempéries e erosão", pontua a pesquisadora em solo das Funceme, Rousilene Silva.
Como resultado da desertificação está a degradação do solo, que é a base de sustentação da vegetação e da fauna, bem como a perda da biodiversidade e o assoreamento dos rios e corpos hídricos.
"A terra está morrendo, não dá mais pra plantar, se plantar não nasce, se nascer não dá", relata o pernambucano Luiz Gonzaga em uma de suas canções, por volta de 1989. Trinta e cinco anos depois, o cenário segue sendo a realidade de muitos moradores do semiárido brasileiro, território que mais sofre com a desertificação do solo.
Além do fator ambiental, a desertificação pode afetar, também, os fatores sociais, como a superpopulação das cidades, por exemplo. Por afetar gravemente a produção, muitos agricultores que residem nos territórios em processo de desertificação migram da zona rural para a zona urbana buscando melhores condições de vida.