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Jurista e político Hélio Bicudo morre aos 96 anos
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Jurista e político Hélio Bicudo morre aos 96 anos

| Luto | Advogado foi símbolo da luta pelos direitos humanos durante a ditadura
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Morreu ontem em São Paulo, aos 96 anos, o jurista e político Hélio Bicudo, procurador de Justiça que combateu o Esquadrão da Morte nos anos 1970. Figura histórica do PT, se distanciou do partido após o mensalão e foi autor do pedido de impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff. Bicudo não resistiu a meses de complicações cardíacas.

 

Bicudo formou-se em direito pela Faculdade do Largo São Francisco, da USP, em 1942. No período da ditadura militar, se tornou um dos mais importantes ativistas pelos direitos humanos no País. Como procurador de Justiça de São Paulo, combateu o Esquadrão da Morte, grupo de extermínio envolvido na tortura e assassinato de criminosos comuns. Ao todo, o esquadrão teria sido responsável por 168 assassinatos no Estado. Entre 1970 e 1971, Bicudo denunciou 35 policiais do grupo, entre eles o delegado Sérgio Paranhos Fleury, símbolo da repressão política do regime.

 

Na história recente do Brasil, Bicudo também teve participação ativa no impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff, sendo um dos signatários do pedido de abertura do processo contra a petista - juntamente com a advogada Janaina Paschoal e o jurista Miguel Reale Júnior. Ex-petista - ingressou no PT poucos meses depois da criação da sigla, em 1980 -, Bicudo se tornou um crítico do partido a partir de 2005, após a revelação do escândalo do mensalão.

 

Desligou-se então da legenda, pela qual se elegeu deputado federal (1991-1999) com a justificativa de que "o partido se afastou dos ideais éticos e morais". Ontem, a direção nacional da legenda não se manifestou sobre sua morte. A presidente do partido, Gleisi Hoffman, informou apenas que enviou condolências à família.

 

Foi vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara e autor do primeiro Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH), lançado em 1996, no governo Fernando Henrique Cardoso. Também foi autor do projeto que retirou da Justiça Militar os crimes dolosos contra a vida cometidos por militares em serviço contra civis. (Agência Estado)

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