Presidente municipal do PSL, o deputado estadual André Fernandes projetou ontem a disputa pelo Paço Municipal sem o deputado federal Capitão Wagner (Pros), que já lançou o próprio nome na corrida. Segundo Fernandes, tudo corre para que o partido de Bolsonaro tenha candidato próprio na corrida eleitoral.
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A afirmação, dada em entrevista exclusiva ao O POVO, ocorreu após reunião com Wagner, no gabinete de Fernandes. No encontro, articulado pelo também estadual Delegado Cavalcante, Fernandes teria exposto a Wagner a pretensão do PSL.
Na última quarta-feira, também ao O POVO, o pesselista já havia dito que Wagner vinha dando "caneladas" e, se seguisse com a mesma conduta de desalinho em relação a Bolsonaro, a sigla iria lançar nome próprio. Wagner é contrário à proposta do Governo de reforma da Previdência, principal agenda do Planalto.
"Que fique bem claro: nosso alvo número um é o 'pinguim', o Roberto Cláudio. Temos que tirar esse esquerdista do poder. Não concordamos de forma alguma com a gestão Roberto Cláudio", ponderou André Fernandes, atacando o prefeito.
Ainda segundo Fernandes, o perfil certo para concorrer com o sucessor de Roberto Cláudio é "conservador e de direita de fato". Questionado, então, se Wagner não teria características compatíveis, ele respondeu que "não é inimigo nosso, defende muitas bandeiras como as nossas".
Opinou, contudo, que "precisamos lançar alguém que esteja 100% alinhado com o presidente Jair Messias Bolsonaro". André Fernandes foi o deputado estadual mais votado no Ceará na última eleição.
Se disputaria ou não o Paço, ele respondeu que foi a população que o lançou candidato a deputado. Assim, arrematou, "quem responde isso é o povo".
Wagner foi procurado para repercutir as declarações, mas disse não ter interesse de comentá-las. Ele já havia dito que o PSL, em função do tamanho adquirido com a eleição de Bolsonaro, tinha a prioridade para a sua vice, já que o daria, por exemplo, mais tempo de televisão.
Apesar disso, O POVO apurou que o sentimento atual na cúpula do Pros cearense é positivo. Interessa a Wagner, disse fonte reservadamente, descolar-se de "um modo 'pesado' de fazer campanha". (Carlos Holanda/O POVO)