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Religioso é preso acusado de estupro de seis mulheres
Farol

Religioso é preso acusado de estupro de seis mulheres

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Um líder religioso foi preso, por força de mandado de prisão, acusado de estuprar pelo menos seis mulheres que frequentavam terreiro que ele mantinha em Ibiapina (a 303 quilômetros da Capital). A prisão de Francisco Alcivan Pereira Linhares ocorreu na tarde de sexta-feira, 26. De acordo com o escrivão Mauro Cesar Barroso, da Delegacia Regional de Tianguá, as vítimas relataram que o pai de santo as dopava para cometer os abusos.

 As investigações começaram após uma das vítimas denunciar o caso na Delegacia de Ibiapina. Conforme o escrivão, o acusado se aproveitava que as vítimas o buscavam para conselhos espirituais, ganhava a confiança delas e, ao fornecer leite ou alimentos a elas, as dava drogas que faziam com que dormissem. Uma delas tem 13 anos.

Ouvido em depoimento, ele teria dito que os abusos seriam influência de uma "entidade espiritual", conta o escrivão. Ainda segundo a fonte, o espaço religioso de Alcivan foi montado em meados do início do ano, na localidade de Alto Lindo. É investigado se o acusado também cometeu crimes em Ipu, município vizinho a Ibiapina, de onde ele teria vindo. O inquérito aguarda exame da Perícia Forense. A Polícia Civil agora busca possíveis novas vítimas do líder. As delegacias de Tianguá e Ibiapina recebem depoimentos.

O POVO buscou a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) para obter mais informações sobre o caso, mas foi informado que, como a prisão ocorreu na sexta-feira, a equipe de plantão deste fim de semana era outra e não haveria como fornecer mais detalhes. Entrevista coletiva sobre o caso está prevista para amanhã. Procurado na tarde de ontem, o Tribunal de Justiça do Estado (TJCE) informou ter se encerrado às 14 horas o expediente da comarca responsável pelo plantão da região que Ibiapina faz parte.

O abuso decorre de uma relação de poder, alerta Jaqueline Pinheiro, pesquisadora do Observatório da Violência Contra a Mulher da Uece. Como em outras relações do tipo, a exemplos daqueles que detém poder financeiro ou político, líderes religiosos podem valer-se dessa posição para cometer abusos contra pessoas que estão em situação de vulnerabilidade. Ela afirma que, muitas vezes, na ânsia de obter uma cura, por exemplo, mulheres que buscam esses espaços se submetem a violências sem se dar conta. Ela ainda pontua que, em muitos casos, ao se dar conta do abuso, as vítimas tendem a achar que consentiram com a violência, passando a se sentirem culpadas. "É muito perverso esse poder de uma sociedade patriarcal que se utiliza do poder contra pessoas mais vulneráveis", conclui. (Lucas Barbosa)

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