A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, condenou o assassinato do líder indígena Emrya Wajãpi no norte do Brasil. Em declaração emitida ontem, ela afirmou que o crime teria acontecido por causa do desenvolvimento da exploração da mineração na Amazônia, apoiada pelo presidente Jair Bolsonaro.
O corpo de Emrya Wajãpi, chefe da tribo Wajãpi, foi encontrado na terça-feira passada, 23, em um rio, de acordo com o Conselho de Aldeias Wajãpi - Apina. Dias depois, na sexta, cerca de 50 garimpeiros invadiram a aldeia wajãpi Yvytotõ, forçando os indígenas a fugirem para uma aldeia vizinha, a Mariry, conforme noticiado por veículos de comunicação locais.
"Este assassinato (...) é um sintoma preocupante do problema crescente da intrusão em terras indígenas - sobretudo nas selvas - por parte de mineiros, madeireiros e agricultores, no Brasil", escreveu Bachelet, em um comunicado. "A política proposta pelo governo brasileiro de abrir mais zonas da Amazônia à exploração mineradora cria riscos de induzir a incidentes violentos, intimidações e assassinatos, como o que sofreu o povo wajãpi na semana passada", continuou.
Ontem, o presidente Jair Bolsonaro voltou a afirmar que pretende legalizar o garimpo no País, o que inclui a liberação da atividade em terras indígenas. A declaração ocorre após indígenas relatarem invasão de garimpeiros em reserva da etnia Waiãpi, no Amapá. O presidente também disse que não há indícios fortes de que o cacique Emyra Wajãpi, encontrado morto na semana passada com sinais de facada, tenha sido assassinado.
Os wajãpi vivem em uma zona remota da Amazônia, rica em ouro, manganês, ferro e cobre. Desde os anos 1980, porém, seu território foi delimitado pelas autoridades para uso exclusivo dos indígenas.
"Solicito urgentemente ao governo brasileiro que aja com firmeza para deter a invasão dos territórios indígenas e lhes garantir o exercício pacífico de seus direitos sobre suas terras", completou Bachelet. (AFP)