Dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que os focos de incêndio, em agosto, na Amazônia foram quase o triplo do registrado ano passado: 30.901 até sábado, 31, ante 10.421 em agosto de 2018 - alta de 196%. O total de focos também supera a média histórica para o mês, de 25.853, para o período entre 1998 e 2018.
Os focos de queimadas estão espalhados pelo chamado arco do desmatamento, que vai do Acre, passando por Rondônia, sul do Amazonas, norte do Mato Grosso e sudeste do Pará. A principal hipótese de especialistas é que queimadas estão ocorrendo para limpar o que foi derrubado antes.
Na última sexta-feira, 30, o presidente Jair Bolsonaro alterou o decreto que proibia as queimadas durante a seca e abriu uma exceção para as práticas agrícolas fora da Amazônia Legal. O novo decreto presidencial, publicado em edição extra do Diário Oficial, permite a realização de queimadas em razão de "práticas agrícolas, fora da Amazônia Legal, quando imprescindíveis à realização da operação de colheita, desde que previamente autorizada pelo órgão ambiental estadual". A medida alterou o decreto publicado pelo presidente um dia antes, 29, e que havia proibido por 60 dias as queimadas no País.
Durante uma transmissão pela internet, na última quinta-feira, Bolsonaro chamou de "esmola" a ajuda oferecida pelos países do G-7 para combater a crise ambiental na Amazônia Legal: "Tivemos um encontro na terça-feira (27) com governadores da região amazônica. E ali, só um falou em dinheiro, aquela esmola oferecida pelo Macron (presidente da França). O Brasil vale muito mais que US$ 20 milhões". Ele voltou a defender que não há anormalidade nas queimadas da Amazônia.
No último sábado, um acidente entre um caminhão e uma van deixou quatro mortos e dois feridos em estado grave, em Martinópolis (São Paulo). De acordo com a Polícia Rodoviária Estadual, a colisão foi causada pela falta de visibilidade em razão da fumaça de uma grande queimada à margem da estrada, que invadiu a pista. (Agência Estado)