No dia 2 de setembro, manchas de óleo foram registradas em duas praias de Pernambuco. Transcorrido um mês, a extensão do problema só aumenta. Na sexta-feira, 4, a mesma substância foi encontrada em três praias da Bahia, atingindo, assim, o litoral dos nove estados do Nordeste.
No último boletim, divulgado pelo Ibama há três dias, manchas haviam sido identificadas em pelo menos 124 locais de 59 municípios diferentes da região. Os casos na orla baiana ainda não estavam contabilizados.
No Ceará, o órgão apontava a ocorrência em dez pontos. O Rio Grande do Norte tinha o maior número de praias atingidas, 43. E Sergipe a maior concentração do óleo, surgida na praia dos Artistas, localizada na capital Aracaju.
O desastre atinge de maneira perversa e em parte irreversível a flora e a fauna marinha. Entre levantamentos oficiais e de outros institutos ligados à preservação ambiental, são mais de 15 tartarugas encalhadas em consequência do óleo. Ontem, um golfinho encalhou na Taíba, um dos pontos contaminados no litoral cearense. Não é possível ainda, no entanto, determinar a relação entre o derramamento e a morte do cetáceo.
A economia e o lazer nas praias nordestinas também estão ameaçados. Neste fim de semana, por exemplo, o banho de mar na Praia do Futuro, um das principais opções de lazer dos fortalezenses e turistas, está suspenso.
Enquanto isso, os órgãos ligados ao meio ambiente movimentam-se como que nadando contra a maré. Somente um mês depois do primeiro registro e da devastação, a Polícia Federal abriu um inquérito para apurar o caso.
A investigação do Ibama até aqui concluiu que se tratava de petróleo cru e, por isso, a Petrobras foi acionada. Após análises, os técnicos afirmaram que a substância encontrada não é produzida no Brasil, nem de responsabilidade da empresa.
A origem do material tóxico, no entanto, segue desconhecida, correndo o risco de que o responsável por este crime ambiental de alcance sem precedentes na costa brasileira fique impune.