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Polícia usa munição real para dispersar protestos no Irã
Farol

Polícia usa munição real para dispersar protestos no Irã

| DENÚNCIA DE MANIFESTANTES|
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Tipo Notícia

Os protestos no Irã chegaram ontem ao terceiro dia consecutivo, após o governo do país ter admitido que foi o responsável pelo "erro humano" que derrubou um Boeing 737 ucraniano com 176 pessoas a bordo, na semana passada. Testemunhas acusaram a polícia de dispersar com munição real os manifestantes, que pedem a renúncia do líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei.

Nos protestos, que se espalharam para outras cidades iranianas nos últimos dias, é possível ouvir pedidos ousados de "morte aos mulás e aos aiatolás". Vídeos gravados no fim de semana e postados ontem mostraram manifestantes fugindo de bombas de gás e sendo carregados com ferimentos graves, aparentemente causados por munição real.

"Esse é o sangue do nosso povo?", questionou um manifestante, enquanto filmava uma poça de sangue nas ruas de Teerã. Outras imagens trouxeram barulho de tiros na Praça Azadi, na capital iraniana, e na cidade de Shiraz, com policiais correndo com armas na mão e espancando manifestantes com cassetetes. A polícia negou que tenha aberto fogo contra os ativistas e garante que agiu de maneira contida, conforme "ordens superiores".

Os protestos contra o regime vêm se intensificando desde sábado, 11, quando o governo admitiu que o Boeing 737 da Ukraine International Airlines (UIA) foi abatido por um foguete disparado por engano. Poucas horas antes, o Irã havia lançado mísseis contra bases iraquianas utilizadas por militares dos EUA - uma resposta ao ataque americano que matou o general Qassim Suleimani, no dia 3.

Inicialmente, autoridades iranianas disseram que o acidente havia ocorrido em razão de "falhas técnicas", versão que durou alguns dias. Segundo Amir Hajizadeh, chefe das forças aeroespaciais, um operador teve 10 segundos para decidir se o objeto que voava perto do aeroporto de Teerã era ou não um míssil inimigo, mas não conseguiu informações do comando em razão de um "erro de comunicação" - e decidiu disparar por conta própria. O presidente iraniano, Hassan Rohani, chamou o desastre de "erro imperdoável". (AE)

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