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Bolsonaro vive o seu inferno astral
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Bolsonaro vive o seu inferno astral

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O ex-assessor político do senador Flávio Bolsonaro e ex-PM Fabricio Queiroz (de máscara e boné) chega ao Instituto de Medicina Legal (IML) em São Paulo, Brasil, em 18 de junho de 2020, depois de ser preso pela Polícia Civil de São Paulo na cidade de Atibaia (SP) após solicitação da Justiça do Rio de Janeiro. (Foto de NELSON ALMEIDA / AFP)
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Foto: Foto de NELSON ALMEIDA / AFP O ex-assessor político do senador Flávio Bolsonaro e ex-PM Fabricio Queiroz (de máscara e boné) chega ao Instituto de Medicina Legal (IML) em São Paulo, Brasil, em 18 de junho de 2020, depois de ser preso pela Polícia Civil de São Paulo na cidade de Atibaia (SP) após solicitação da Justiça do Rio de Janeiro. (Foto de NELSON ALMEIDA / AFP) Caption

Não foram dias fáceis para o presidente Jair Bolsonaro, que precisou lidar com o cerco aos filhos, a demissão de um ministro trapalhão e o reaparecimento de um fantasma sobre cujo paradeiro todos se perguntavam. Entre uma coisa e outra, a Polícia Federal prendeu apoiadores e fez devassa na conta de deputados aliados. Não bastasse, o Supremo votou pela constitucionalidade do inquérito das fake news, mantendo Abraham Weintraub entre os seus alvos. E, para encerrar, o Governo foi flagrado numa operação para facilitar a escapada do auxiliar investigado, que chegou aos Estados Unidos na manhã de ontem ainda formalmente à frente do MEC e, portanto, munido de passaporte diplomático - sua exoneração só seria publicada horas após o desembarque em Miami, numa fuga não somente imoral, mas também cafona. Contrariando a máxima consagrada por Tiririca de que pior do que está não fica, a barra de Bolsonaro deve pesar ainda mais nas próximas semanas, quando Fabrício Queiroz entender que foi largado às traças e sua família começar a dar com a língua nos dentes, fazendo chegar às autoridades o nome do pivô de todo o esquema da "rachadinha". Ora, não é segredo que o Ministério Público do RJ e a torcida do Flamengo suspeitam que o hoje senador Flávio Bolsonaro era o ponto-final desse fio que liga Queiroz, Adriano da Nóbrega (miliciano morto em ação policial), o advogado Fred Wassef e o golpe financeiro na Assembleia Legislativa (Alerj). É questão de tempo até que se chegue ao "01", mas, depois da queda inevitável do parlamentar, quem será o próximo? Esse é o temor de Bolsonaro: o de que os elos dessa cadeia se estreitem, formando a imagem não do filho, mas do pai. Embora não possa ser apeado por eventual crime cometido fora do mandato, o presidente sabe que a investigação da rachadinha pode minar sua base eleitoral, anular o apoio dos militares e dobrar o preço da fatura do centrão, que funciona mais ou menos como o da Uber: é uma tarifa dinâmica, que sobe e desce segundo a demanda, neste momento altíssima. A tudo isso, como o chefe do Executivo irá responder? Se dobrar a aposta, arrisca passar o assento ao vice sorridente e expedito. Se recuar, terá se rendido aos fisiológicos, resignando-se a tocar um governo apenas decorativo, como foi o de Michel Temer.

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