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#ExposedFortal: é preciso reaprender
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#ExposedFortal: é preciso reaprender

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Relatos foram publicados nas redes sociais com a hashtag #ExposedFortal (Foto: Reprodução)
Foto: Reprodução Relatos foram publicados nas redes sociais com a hashtag #ExposedFortal

Assédio Na última segunda-feira, meninas usaram a hashtag #ExposedFortal para denunciar nas redes sociais a existência de um grupo de WhatsApp que compartilhava fotos íntimas suas, sem autorização. Ali, namorados, colegas e paqueras davam nota e teciam comentários. Utilizavam ainda o conteúdo para chantagear e oprimir as vítimas.

O movimento cresceu. E outras adolescentes se sentiram encorajadas para relatar situações graves que envolviam professores de escolas particulares da Capital. Há casos de assédio e outros abusos. Ao sentir no ambiente virtual uma retaguarda acolhedora, muitas contaram no Instagram ou no Twitter, o que vinham enfrentando solitariamente.

Efeito de tudo isso, pelo menos cinco escolas já demitiram professores, a Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente passou a investigar os casos e o Ministério Público do Ceará também apura as denúncias.

Na sexta-feira, alunas da rede pública começaram a denunciar uma série de abusos. E o que se espera é que elas não sejam desacreditadas nem retaliadas, os casos surgidos, assim como os outros, sejam apurados e medidas adotadas.

Mas se não encararmos de frente o machismo, os casos continuarão a acontecer. É preciso mudar a estrutura. E a escola tem um papel fundamental nesse processo. É preciso estabelecer regras claras de convivência e conversar abertamente com funcionários, estudantes e famílias sobre assédio, consentimento, violência sexual, gênero.

É preciso também uma vigilância mais constante e a criação de canais para receber denúncias. Nas instituições onde eles já existem, é preciso pensar por qual motivo as adolescentes preferiram procurar ajuda nas redes sociais.

Paulo Freire diz que ensinar exige saber escutar. Pois é preciso ouvir essa geração de meninas que não estão mais dispostas a tolerar comportamentos invasivos, incômodos e, por vezes, violentos que, de tão comuns, foram naturalizados.

 

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