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Flamengo e a avalanche econômica dos direitos de transmissão
Farol

Flamengo e a avalanche econômica dos direitos de transmissão

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O que promete ser a avalanche do futebol teve três passos, que começaram quase imperceptíveis. Em janeiro, o Flamengo não cedeu transmissão dos próprios jogos nos Campeonato Carioca para a TV Globo. Em junho, o presidente Jair Bolsonaro, na tentativa de agradar a diretoria rubro-negra (e, em especial, se aproximar da maior torcida do Brasil), assinou Medida Provisória que muda completamente a lógica dos direitos televisivos de partidas de futebol. Na quarta-feira, 1º, o clube carioca inovou ao transmitir, ao vivo e gratuitamente um jogo contra o Boavista.

É avalanche porque há décadas os direitos de transmissão são os avalistas financeiros de um clube. O futebol brasileiro, mal gerido como é, acabou financeiramente dependente dos milhões da Globo. Quando Bolsonaro instituiu que a prerrogativa de transmissão de um jogo é exclusiva do mandante da partida, tudo (potencialmente) mudou.

O Flamengo tem peso e margem para barganhar. Sempre foi a galinha dos ovos de ouro da transmissão televisiva, daí ganhar bem mais. Agora aposta na liberdade para negociar, bem como os demais clubes — que, claro, não têm o mesmo peso no jogo de xadrez financeiro com a Globo.

A tendência é que os clubes fiquem todos mais ricos. Só que a distância entre os mais e menos ricos tende a aumentar ainda mais. E isso sem pesar os efeitos da crise econômica que se assenta.

O torcedor talvez ganhe opções — mais baratas ou mais caras — para assistir um futebolzinho daqui a alguns anos. Mas corre o risco de não poder arcar, com o esporte ficando ainda mais elitista do que já virou. E a disparidade de orçamentos pode ficar ainda mais evidente do que já é.

Quem puder pagar, verá.

 

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