A ação do Facebook que removeu pouco mais de 70 perfis/fanpages, parte dos quais diretamente ligada ao presidente da República, talvez seja o começo do fim do que se chama de "gabinete do ódio", uma rede de contas articuladas com o propósito de disseminar fake news e ataques sincronizados contra alvos específicos, quase sempre adversários de Jair Bolsonaro e de seus filhos.
Embora a medida tenha sido pontual, foi suficiente para fazer o vereador Carlos Bolsonaro se manifestar. Demonstrando incômodo, o "02", a quem se atribui a coordenação dessa falange digital instalada no Planalto, anunciou que passaria por um "novo momento". Mesmo em "carluxês", essa língua tortuosa cujo significado é difícil de alcançar, a mensagem é evidente: o mandachuva da guerrilha parece ter sentido o golpe, que, bom que se diga, também vem sendo desferido no âmbito do Supremo.
Lá, corre o inquérito que apura a formação daquilo que o ministro Alexandre de Moraes classificou de organização criminosa. Dela fariam parte quatro cearenses, conforme denúncias feitas por deputados federais.
Dessa série de reveses que o núcleo mais radical do Governo vem sofrendo, resta saber como Bolsonaro irá se virar sem a artilharia da internet, responsável por catapultá-lo à cadeira de chefe do Executivo em 2018.
É, sem dúvida, o maior teste para o ex-militar - pela primeira vez, governar amparando-se somente nas forças restantes que lhe dão sustentação (ministros como Paulo Guedes e os militares). Nesse cenário desideologizado, é possível que ganhem ainda mais relevância inciativas como a do auxílio emergencial.