Na corrida por criar uma vacina para a Covid-19, a Rússia largou na frente anunciando, na última terça-feira, 11,o primeiro registro de um imunizante da doença. A Sputnik V - nome que remete ao programa russo de envio de satélites à órbita do planeta - deveria ser motivo de alegria e de comemoração, mas não foi bem assim que aconteceu. Cientistas e autoridades mundiais em saúde viram o fato da semana passada com preocupação e desconfiança.
Uma vacina em testes só a partir de junho deste ano, com apenas fases 1 e 2 em andamento, mas sem resultados publicados, e sem uma fase 3, responsável por verificar grau de imunização, realmente não tem como inspirar confiança. Em meio a mais de 160 pesquisas pelo mundo em busca de uma fórmula que barre a pandemia do novo coronavírus, o registro da Sputnik parece ter sido fácil demais.
A descrença na vacina russa também decorre da comparação com o processo de outros estudos. No Brasil mesmo temos duas vacinas que estão sendo testadas na população: a CoronaVac, do grupo farmacêutico chinês Sinopharm, e a da Universidade de Oxford, em parceria com a empresa anglo-sueca AstraZeneca. Mas nenhuma tem data certa para começar a imunizar em massa, pois dependem de resultados da fase 3, de testes clínicos, para garantirem completa eficácia e segurança.
Agora é esperar para ver. Será mesmo a vacina da Rússia uma primeira vitória contra a Covid como foi o programa Sputnik na exploração do espaço?