Eu sou uma mulher lésbica e há alguns anos não me imaginaria escrevendo isso em um jornal de domingo. O processo de afirmação é longo e infelizmente para muitos de nós, árduo. No meio LGBTQIA , a segunda questão mais comum após a chamada "descoberta" é "e como é para sua família?". Em um País que sustenta altos índices de crimes por homofobia e amarga ser o que mais mata gays, lésbicas, travestis e transexuais, o apoio e acolhimento familiar é um refúgio, uma fortaleza.
Na última semana, em entrevista ao Estadão, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, atribuiu a homossexualidade de jovens a "famílias desajustadas" e afirmou que tem ressalvas com professores transsexuais. O discurso do ministro é homofóbico e estigmatiza famílias. Em uma só declaração, ele questiona dois direitos básicos de qualquer cidadã e cidadão: o à dignidade e ao acesso à educação e emprego.
Tirar o direito à família e educação de uma pessoa LGBTQIA é relegá-la à marginalidade, à indignidade e, por que não dizer, à morte. Eu repudio as declarações homofóbicas do ministro da Educação. No alto escalão e numa pasta fundamental para a nossa construção de nação e soberania, não há espaço para exclusão e preconceito. Hoje, a duras penas e após muitas cobranças de movimentos organizados, a homofobia é crime neste País. Assim sendo, que a lei seja cumprida.