No último dia 7 de outubro, o presidente da República Jair Bolsonaro achou que estava deixando milhões de corações brasileiros tranquilos ao dizer: "Eu não quero acabar com a Lava Jato. Eu acabei com a Lava Jato, porque não tem mais corrupção no governo". Bastou uma semana para as coisas se mostrarem (aos que acreditaram nele) que não são bem assim como o presidente quer fazer crer.
Então vice-líder do governo no Senado, Chico Rodrigues (DEM-RR) foi alvo na última quarta-feira, 14, de operação da PF que investiga desvio de recursos destinados ao combate à Covid-19. Talvez no susto, o parlamentar - representante do governo que se diz livre de corrupção - achou que seria uma boa ideia acomodar R$ 33 mil dentro da cueca, entre as nádegas. Em português mais claro, ele enfiou o dinheiro na bunda.
Por mais galhofas que um caso como esse é capaz de gerar, nenhuma palavra representa melhor a situação do que sordidez. As sujeiras desse episódio são elemento central de uma quase chanchada de gosto humorístico duvidoso. A literal, de uma asquerosa falta de higiene. E a simbólica, de tentar esconder da investigação dinheiro supostamente desviado do combate à pandemia.
Apenas dois dados que deixam a situação ainda pior. Roraima, estado que Chico Rodrigues representa, tem proporcionalmente o maior número de casos de Covid-19 no Brasil, com 8.869 registros para cada 100 mil habitantes (três vezes mais que o Ceará). Além disso, o estado do Norte é o terceiro em óbitos proporcionais, com 112 mortes pelo coronavírus para cada 100 mil habitantes.
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