Taís Araújo fez a palestra em 2017 e falou sobre a preocupação com os filhos: "a cor do meu filho faz com que as pessoas mudem de calçada", disse a atriz num TEDXSão Paulo. No ano seguinte, durante a irracionalidade da eleição para presidente, o vídeo da atriz foi recuperado por militantes da candidatura de Jair Bolsonaro e chamado de mimimi. Taís foi taxada de hipócrita entre outras coisas.
Tudo isso porque no Brasil, segundo essa visão paralela da realidade, não existe racismo, como garantiu ontem, o vice-presidente Hamilton Mourão, ao comentar a animalidade que ronda o assassinato de Beto Freitas, negro, de 40 anos, no Carrefour, em Porto Alegre, espancado até a morte por seguranças do supermercado.
Neste País é preciso não nascer branco para sentir na pele o que é o racismo. Ele se mantém dissimulado de todas as formas até explodir e nos deixar frente a frente com o nosso racismo brutal. Enquanto é escamoteado e negado e deixado de lado como a gente faz com um objeto que não tem mais serventia, é como se não existisse, como disse Mourão.
No entanto, Beto Freitas nos faz ver que ele morreu porque era o "outro", um "outro" tão desigual que não importa quem seja, pode ser espancado brutalmente, morrer na frente da esposa e de uma plateia que pedia clemência. O "outro" é negro e é isso que Mourão teme. Teme que "outros" reajam e se manifestem e façam ver quão racista e violento pode ser o Brasil.
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