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Variante britânica do vírus pode ser mais letal
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Variante britânica do vírus pode ser mais letal

O impacto dessa e de outras variantes sobre a ação das vacinas ainda é incerto, segundo cientistas brasileiros ouvidos
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O primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Boris Johnson, participa de uma conferência de imprensa virtual sobre a nova pandemia de coronavírus COVID-19, em 10 Downing Street, no centro de Londres, em 22 de janeiro de 2021. - Há
Foto: Leon Neal / POOL / AFP O primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Boris Johnson, participa de uma conferência de imprensa virtual sobre a nova pandemia de coronavírus COVID-19, em 10 Downing Street, no centro de Londres, em 22 de janeiro de 2021. - Há "algumas evidências" de que a nova cepa de coronavírus identificada na Grã-Bretanha não é apenas mais transmissível, mas também mais mortal, disse o primeiro-ministro Boris Johnson na sexta-feira. "Agora também parece que há alguma evidência de que a nova variante ... pode estar associada a um maior grau de mortalidade", disse ele em uma entrevista coletiva em Downing Street.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, afirmou ontem que a nova variante inglesa do coronavírus pode ser mais letal. Ele ressaltou, porém, que evidências mostraram que as vacinas em uso no país (Pfizer e Oxford/AstraZeneca) são eficazes contra a variante.

"Fomos informados de que, além de se disseminar mais rapidamente, agora também parece que há alguma evidência de que a nova variante - que foi descoberta pela primeira vez em Londres e no sudeste (da Inglaterra) - pode estar associada a um maior grau de mortalidade", disse ele em entrevista coletiva.

O impacto dessa e de outras variantes sobre a ação das vacinas ainda é incerto, segundo cientistas brasileiros ouvidos pelo Estadão. Como o surgimento dessas cepas é recente, não foi possível realizar grandes estudos para assegurar de que forma essas mutações afetam os imunizantes.

Além da variante britânica, preocupa o avanço de cepas identificadas na África do Sul e em Manaus. Todas elas compartilham a mutação N501Y, na proteína spike do vírus, que possibilita entrar nas células humanas. Estudos preliminares feitos pela Pfizer mostraram que o imunizante da empresa foi capaz de neutralizar a nova variante britânica.

As variantes sul-africana e brasileira, porém, têm outra mutação (E484K), também na proteína spike, associada a um escape de anticorpos. Uma pesquisa da Universidade Rockfeller (EUA) publicada na terça-feira (ainda sem revisão de pares) mostrou que as vacinas da Pfizer e da Moderna podem ter sua eficácia reduzida por essas variantes, mas não a ponto de invalidar o produto. "Apesar da ação neutralizante dos anticorpos ter diminuído, ele ficou acima do necessário para proteger alguém da doença. Mas fica o alerta: já temos variantes capazes de diminuir a capacidade das vacinas. Não podemos deixar o vírus circular livremente", diz a biomédica Mellanie Fontes-Dutra, coordenadora da Rede Análise Covid-19.

A responsável pelos centros de pesquisa da vacina de Oxford no Brasil, Sue Ann Costa Clemens, diz que novos estudos sobre a eficácia da vacina contra as cepas britânica e sul-africana sairão no início de fevereiro. "Quanto à variante de Manaus já estamos conversando com a Fiocruz e o Ministério da Saúde para pegar uma amostra para enviar para Oxford, sequenciar e avaliar a eficácia".

O Instituto Butantan foi questionado sobre possíveis estudos para avaliar a eficácia da Coronavac contra as novas variantes, mas não respondeu.

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