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Crise hídrica e encarecimento das commodities puxam inflação
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Crise hídrica e encarecimento das commodities puxam inflação

| boletim focus | Por oito semanas, as expectativas do mercado financeiro para a inflação não pararam de subir
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Tipo Notícia
Barragem de Itaipu, hidroelétrica no rio Paraná, entre Brasil e Paraguai. O povo Avá-Guarani vive nos arredores do lago criado pela construção da hidrelétrica (Foto: Caio Coronel/Itaipu)
Foto: Caio Coronel/Itaipu Barragem de Itaipu, hidroelétrica no rio Paraná, entre Brasil e Paraguai. O povo Avá-Guarani vive nos arredores do lago criado pela construção da hidrelétrica

A crise hídrica que já provoca aumento da tarifa de energia elétrica e a escalada de preços das commodities, especialmente as metálicas, elevaram as previsões de inflação para este ano. Consultorias projetam uma alta que beira 6% para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Por oito semanas consecutivas, as expectativas do mercado financeiro para a inflação não pararam de subir, segundo o Boletim Focus do Banco Central. Na última semana, a mediana das projeções atingiu 5,31% e furou o teto da meta para este ano, de 5,25%. A aceleração põe mais pressão sobre o BC, para que continue elevando os juros, a fim de conter a alta de preços.

"Com a inflação nesse patamar previsto de quase 6% este ano, a normalização da taxa nominal de juros precisa ser rápida", alerta o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sergio Vale. Ele acabou de revisar de 5,2% para 5,8% a previsão do IPCA para este ano. Na sua avaliação, o Banco Central provavelmente terá que elevar a Selic para 6,5% no segundo semestre, podendo ir a 7% ou mais. Hoje a taxa é de 3,5% ao ano.

O que está em jogo neste momento, segundo Vale, é a expectativa da inflação para 2022. Isso por causa de fatores adversos que elevaram a projeção do IPCA acima do inicialmente previsto para 2021, da recuperação mais acelerada da atividade e da turbulência do período pré-eleitoral, que deve ter impacto na taxa de câmbio.

"Subir juros é a única opção que o BC tem neste momento, já que a sua função é mirar o centro da meta de inflação (de 3,75%)", afirma a economista Maria Andréia Parente Lameiras, pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). No entanto, ela pondera que a efetividade da alta dos juros para tirar o fôlego do câmbio e segurar a inflação neste momento não é total. Isso porque hoje as pressões inflacionárias se acumulam nos preços monitorados, como energia elétrica, medicamentos, planos de saúde, gasolina, por exemplo. "Com exceção da gasolina, que tem influência direta do dólar, os juros impactam pouco a tarifa de energia que depende das chuvas. Além disso, os reajustes dos remédios e dos planos de saúde já ocorreram". (Ag. Estado)

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