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Paes lamenta morte de grávida e defende mudança na política de segurança
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Paes lamenta morte de grávida e defende mudança na política de segurança

Pai de Kathlen afirma que filha 'estava na melhor fase da vida dela'
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KETHLEN tinha 24 anos e estava grávida de quatro meses do primeiro filho (Foto: reprodução/instagram)
Foto: reprodução/instagram KETHLEN tinha 24 anos e estava grávida de quatro meses do primeiro filho

Apesar de não ser o responsável pelas polícias, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), criticou nesta quarta-feira, 9, a morte de Kathlen Romeu, de 24 anos. Grávida, a jovem levou um tiro na cabeça durante confronto entre policiais e criminosos no Complexo do Lins, zona norte da cidade, na última terça-feira, 8. O governador Cláudio Castro (PL) ainda não se manifestou. Em nota, a polícia afirmou que foi recebida a tiros na comunidade. A morte de Kathlen gerou comoção nas redes sociais e desencadeou protestos. 

"O que a gente não pode é começar a achar que essas tragédias são naturais. Que uma moça sai à rua grávida, jovem, e toma um tiro do nada", disse o prefeito ao sair de almoço com empresários do Grupo Lide, na zona sul do Rio. "Não podemos perder a capacidade de indignação diante de tais fatos. Essas pessoas não são só números", afirmou.

Paes comentou ainda que não quer culpar "fulano ou sicrano" sem a devida apuração, mas afirmou que é preciso pensar numa nova política de Segurança. "Que prenda mais, condene mais, investigue mais e mate menos. Tem gente que gosta de morte; eu não gosto".

Alegre, expansiva, afeita a abraços, sonhadora e vivendo o melhor momento de sua vida. Essas são algumas das formas que amigos e familiares usaram para definir a jovem Kathlen Romeu. Grávida de quatro meses, Kathlen havia postado três dias antes uma sequência de fotos no Instagram para registrar sua felicidade com a gestação. A família também estava animada com a espera de um novo integrante. "Eu brincava com minha filha: o meu neto vai nascer com os pais formados", disse nesta quarta o pai da jovem, Luciano Gonçalves, da porta do IML. "Minha filha era a coisa mais especial da minha vida. Cheia de sonhos. Uma pessoa do bem, inteligente. Ela tinha o sonho de ser blogueira, modelo. Estava na melhor fase da vida dela", relembra.

Quem convivia com Kathlen também era só elogios. "Ela é luz. Amava praia, festa e ter quem gosta por perto. Doce, amiga, uma pessoa insubstituível", definiu a amiga Carolina Gomes.

"Ela era muito do toque, do abraço, do contato. Sempre muito abraço a qualquer momento, vindo do nada, sempre falando que amava todo mundo", contou outra amiga, que pediu para não ter o nome citado. "Era alegre e expansiva. Trabalhamos juntas por um ano e dali surgiu a amizade. Ela tinha várias clientes (na loja onde trabalhava, na zona sul da cidade) que só compravam com ela. Sempre recebia todo mundo bem, sorrindo e de bom humor. Acho que nunca a vi estressada. Todo mundo era só elogio pra ela."

Kathlen tinha se mudado havia um mês. "Eu tirei ela de lá (do Lins) por causa da violência", afirmou o pai. "Noventa e nove por cento da comunidade são pessoas de bem. A mesma operação que tem constantemente lá, esse tiro ao alvo na nossa área, na zona sul não tem".

A mudança de endereço veio na esteira de uma série de esforços e conquistas da jovem. "Ela trabalhava como vendedora há muitos anos para ter dinheiro pra estudar e pagar as contas todas", explicou a ex-colega de trabalho.

A avó de Kathlen, Sayonara Fátima de Oliveira, também estava desolada. "Aquela minha rua está muito perigosa. Eu não queria ter perdido minha neta e perdi desse jeito estúpido. Uma garota que trabalha, que estuda, formada. Só isso que eu tenho a dizer. Eu não tenho mais nada. Perdi minha neta num tiroteio bárbaro que a gente não tem culpa de nada", lamentou.

Segundo a Polícia Militar, Kathlen foi encontrada ferida logo após um confronto entre policiais e criminosos, ocorrido na localidade conhecida como Beco do 14, no Complexo do Lins. A Delegacia de Homicídio da Capital apura de onde partiu o disparo que matou a jovem.

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