Do Brasil imperialista, passando pela Velha e Nova República, a escravidão, o abolicionismo até a emancipação de Guaiúba. Esses são alguns dos conteúdos históricos abordados no livro "Progresso Obscuro". Mais do que um romance, a obra também foi pensada para servir como fonte de pesquisa.
Não existem registros de que o Casarão de Água Verde tenha abrigado escravos, porém a família proprietária do imóvel tinha escravos em sua fazenda. "Visitamos a sede da fazenda, que se assemelha muito com a fazenda do Escravo Negro Liberto (atual Museu Senzala Negro Liberto), em Redenção. Eles também têm um porão, uma divisão, como se fosse uma senzala", comenta Fábio.
Para ter acesso à fazenda, os autores contaram com o auxílio da única moradora do local, viúva de um herdeiro da família Cavalcante. A propriedade dista pouco mais de um quilômetro do casarão, seguindo em direção a Baturité. Redenção, antiga vila de Acarape, no Maciço de Baturité, é reconhecida pelo pioneirismo na libertação de negros escravizados no Brasil, em 1883.
O que poucos sabem é que o local também foi palco de um crime. Na fazenda de Água Verde residia o coronel Emiliano Cavalcante (citado no livro como Hermiliano Gonçalves por questões de direitos autorais), cuja morte foi atribuída pela família ao rival político, o coronel Juvenal de Carvalho.
Segundo pesquisas dos autores, o acusado, por sua vez, sustentava que houve suicídio, mas chegou a ser condenado como mandante do crime apesar de ter conseguido habeas corpus depois. Juvenal de Carvalho dá nome a um colégio localizado em Fortaleza hoje.
"Tudo isso está 'linkado' no livro, partindo do casarão de Água Verde e da fazenda na qual ele está inserido. Nossa meta é fazer o Ceará conhecer Guaiúba, conhecer o casarão que tanto chama atenção, mas conhecer também nossa história", assinala Fábio.