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CPI da Covid aprova quebra de sigilo de motoboy da VTCLog
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CPI da Covid aprova quebra de sigilo de motoboy da VTCLog

Ivanildo confirmou, em depoimento no Senado, que fazia saques e pagamentos em dinheiro para a VTC Operadora Logística (VTCLog)
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Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia (CPIPANDEMIA) realiza oitiva do motoboy funcionário da VTClog, empresa responsável por fazer a logística com contratos e transportar insumos, inclusive vacinas, para o Ministério da Saúde. O objetivo é esclarecer fatos de que o depoente seria um aparente intermediário em esquemas duvidosos da empresa. 

Mesa:
advogado do depoente;
motoboy da VTClog, Ivanildo Gonçalves da Silva. (Foto: Roque de Sá/Agência Senado)
Foto: Roque de Sá/Agência Senado Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia (CPIPANDEMIA) realiza oitiva do motoboy funcionário da VTClog, empresa responsável por fazer a logística com contratos e transportar insumos, inclusive vacinas, para o Ministério da Saúde. O objetivo é esclarecer fatos de que o depoente seria um aparente intermediário em esquemas duvidosos da empresa. Mesa: advogado do depoente; motoboy da VTClog, Ivanildo Gonçalves da Silva.

A CPI da Pandemia aprovou, nesta quarta-feira, 1,  requerimento de quebra de sigilo telefônico, fiscal, bancário e telemático além da apreensão, pela Justiça, do aparelho celular de Ivanildo Gonçalves da Silva, o motoboy da VTCLog, que depôs ao colegiado, nesta quarta.

De acordo com o depoimento de Ivanildo, era a funcionária do setor financeiro da VTCLog, Zenaide Sá Reis, quem solicitava os saques e depósitos que o motoboy fazia em nome da VTCLog. Ainda de acordo com ele, as sobras dos saques direcionados ao pagamento de boletos eram devolvidas à funcionária do financeiro.

Ivanildo  confirmou,  em depoimento no Senado, que fazia saques e pagamentos em dinheiro para a VTC Operadora Logística (VTCLog), empresa suspeita de envolvimento em esquema de corrupção no Ministério da Saúde. O maior valor retirado de uma vez foi de R$ 430 mil em uma agência da Caixa, no aeroporto de Brasília. Gonçalves disse aos senadores não saber para quem o dinheiro seria destinado e que não conhece Dias.

O nome de ambos consta em um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que apontou saques em dinheiro e pagamentos que somam R$ 4,7 milhões entre 2018 e julho de 2021. A empresa é encarregada do transporte de medicamentos e a atual responsável pela distribuição de vacinas no Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde. A VTCLog pertence ao grupo Voetur

O motoboy afirmou que a representante da empresa passava um cheque para ele fazer o saque dos valores. Com o dinheiro, ele pagava boletos e fazia depósitos no própria agência bancária e entregava o restante a Zenaide Reis.

Para os parlamentares, o motoboy foi usado pela empresa para movimentar valores de um suposto esquema de corrupção. No depoimento, ele disse desconhecer a origem das movimentações e afirmou que apenas cumpria as ordens. "Eu estou me sentindo tranquilo, então não me sinto, assim, no momento, complicado. A única coisa são os meus pensamentos a respeito... diante de valores que estão citados para o mundo inteiro. Isso aí me traz um desconforto de pensamentos", afirmou o motoboy.

Questionado quanto dos R$ 430 mil sacados em uma das oportunidades transportou até a sede da empresa, Gonçalves disse não se recordar. Ele afirmou que nunca precisou recorrer a ajuda ou teve escolta para levar o dinheiro. Na sessão de ontem, a CPI aprovou a convocação para Zenaide Reis também prestar depoimento

Dias

Durante a sessão, Gonçalves confirmou à CPI ser ele quem aparece em três imagens apresentadas pelo vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Segundo o senador, as imagens cruzadas com extratos bancários apontam que o motoboy quitou boletos no mesmo local e hora em que contas de Dias foram pagas

Questionado na CPI, o motoboy disse não ter conhecimento dessas faturas e declarou lembrar apenas que alguns sócios da VTCLog constavam de cobranças pagas por ele. "A princípio, eu não chegava a olhar o nome de ninguém", afirmou.

Gonçalves disse ter ido ao Ministério da Saúde uma vez neste ano para entregar um "pen drive". "Eu lembro que eu entreguei para uma senhora, uma moça lá", afirmou o motoboy.

Com o depoimento do motoboy, a CPI espera identificar quem era responsável pelas operações suspeitas de irregularidades no Ministério da Saúde. A comissão apura se Dias foi beneficiado nas transações. "É a situação do pagamento de propina a agentes que facilitavam a VTCLog a ter os contratos generosos que tinham no Ministério da Saúde", afirmou o senador Otto Alencar (PSD-BA)

Saques

Saque em dinheiro não é proibido no Brasil, mas existem iniciativas para coibir a prática, muitas vezes utilizada para lavagem de dinheiro. A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, por exemplo, acaba de aprovar um projeto que proíbe transações com dinheiro em quatro formas distintas: operações acima de R$ 10 mil, pagamento de boletos acima de R$ 5 mil reais; circulação acima de R$ 100 mil (ressalvado o transporte por empresas de valores), e posse acima de R$ 300 mil, salvo em situações específicas.

Procurado, Dias não se manifestou. A VTCLog disse que não comentaria o depoimento do motoboy. Em nota divulgada anteontem, a empresa disse que o ex-diretor "efetuou pagamentos - e não recebeu ou foi beneficiário em suas contas - de qualquer vantagem por parte da Voetur".

 


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