O jornalista Alexandre Garcia, apresentador do programa “Novo Dia”, foi demitido da emissora CNN hoje, sexta-feira, 24. Mais cedo, ele foi desmentido ao vivo após defender o tratamento precoce contra a Covid-19 através de medicamentos sem eficácia comprovada. Em nota, a emissora associou a demissão aos comentários de Garcia.
Durante sua participação no quadro “Liberdade de Opinião”, parte do “Novo Dia” de hoje, Garcia falava sobre as denúncias contra a Prevent Senior e declarou que os “remédios sem eficácia comprovada salvaram milhares de vidas”. A empresa é alvo de investigações por supostamente pressionar seus médicos a tratarem pacientes com substância como a hidroxicloroquina.
“Os tais remédios sem eficácia comprovada salvaram milhares de vidas sendo aplicados imediatamente, mesmo antes do resultado do teste. É na fase 1, na fase 2 às vezes evitam hospitalizações. Na fase 1 sempre evitam hospitalizações, sempre evitam sofrimento. Na fase 3 são ineficazes, depois que a pessoa já está hospitalizada ou intubada. [...] Essa questão de eficácia comprovada a gente só vai saber daqui uns três anos. Agora tudo é experimental”, afirmou ele.
Após a participação de Alexandre no quadro, a apresentadora Elisa Veeck desmentiu sua fala, reforçando que sua opinião enquanto comentarista não reflete a posição da CNN.
“Reitero sempre para vocês que nos acompanham que as opiniões emitidas pelos comentaristas do quadro não refletem necessariamente a posição da CNN. E mais um acréscimo aqui neste fim do quadro de hoje, a CNN ressalta que não existe um tratamento precoce comprovado cientificamente para prevenir a covid-19. O que a ciência mostra é que a prevenção, com o uso de máscaras e a vacinação, são as únicas maneiras de combater a pandemia”, declarou.
No último dia 19, Garcia também foi desmentido após comentários seus no “Liberdade de Opinião”. Na ocasião, ele argumentou que adolescentes “não precisariam tomar a vacina [contra a Covid-19], segundo as estatísticas”. “A estatística mostra que parece que o vírus não se dá bem com jovem, com crianças principalmente”, declarou.
O papel de desmenti-lo ficou com Elisa Veeck, novamente. “Para esclarecer esse tema, nós da CNN Brasil procuramos o infectologista e também diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações, Renato Kfouri. Segundo o médico, a medida que se previne mortes em adultos e idosos, os casos de hospitalização com formas graves serão entre os não vacinados. Ou seja, a proporção maior de casos graves irá acometer as pessoas que não tomaram a vacina”, disse.
Em maio, no mesmo quadro, Garcia defendeu o “direito” do presidente Jair Bolsonaro assinar um decreto que proíba governadores e prefeitos de decretarem restrições contra a pandemia. O jornalista argumentou que a edição de decretos por presidentes “está na Constituição”. Como resposta, Rafael Colombo, que apresentava o programa, questionou: “E a proteção à vida? Também não está na Constituição?”
Garcia ficou mudo por um instante, suficiente para o apresentador acreditar haver um problema técnico acontecendo, até dizer que “não estava sendo entrevistado”. Colombo ignorou a fala do colega e disse que continuariam o assunto no dia seguinte, pois estava acabando o tempo do quadro. Garcia então proclamou que “não sabia” se voltaria no dia seguinte.
A CNN Brasil comunica que rescindiu o contrato com o jornalista Alexandre Garcia nesta sexta-feira (24).
A decisão foi tomada após o comentarista reiterar a defesa do tratamento precoce contra a Covid-19 com o uso de medicamentos sem eficácia comprovada.
O quadro "Liberdade de Opinião" continuará na programação da emissora, dentro do jornal "Novo Dia".
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