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Naufrágio de bote mata 33 imigrantes no Canal da Mancha
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Naufrágio de bote mata 33 imigrantes no Canal da Mancha

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Os migrantes recebem ajuda do barco salva-vidas RNLI (Royal National Lifeboat Institution) antes de serem conduzidos a uma praia em Dungeness, na costa sudeste da Inglaterra, em 24 de novembro de 2021, após cruzarem o Canal da Mancha. Nos últimos três anos, houve um aumento significativo nas tentativas de travessias do canal por migrantes, apesar dos alertas sobre os perigos na movimentada rota marítima entre o norte da França e o sul da Inglaterra, que está sujeita a fortes correntes e baixas temperaturas. (Foto: Ben STANSALL / AFP )
Foto: Ben STANSALL / AFP Os migrantes recebem ajuda do barco salva-vidas RNLI (Royal National Lifeboat Institution) antes de serem conduzidos a uma praia em Dungeness, na costa sudeste da Inglaterra, em 24 de novembro de 2021, após cruzarem o Canal da Mancha. Nos últimos três anos, houve um aumento significativo nas tentativas de travessias do canal por migrantes, apesar dos alertas sobre os perigos na movimentada rota marítima entre o norte da França e o sul da Inglaterra, que está sujeita a fortes correntes e baixas temperaturas.

Pelo menos 33 pessoas morreram afogadas ontem no litoral da França, durante uma tentativa de chegar ao Reino Unido. O naufrágio foi o pior acidente envolvendo pequenos botes com imigrantes nos últimos três anos. As travessias do Canal da Mancha se intensificaram recentemente, provocando uma crise que vem deteriorando a relação entre franceses e britânicos.

Autoridades francesas foram alertadas do naufrágio pela tripulação de um barco de pesca, que avistou um bote vazio com cerca de 15 corpos flutuando no mar, perto de Dunquerque. Para se ter uma dimensão da tragédia, o total de vítimas em travessias de botes no Canal da Mancha foi de 4, em 2019, 6 mortos e 3 desaparecidos, em 2020, e era de 14 até então, este ano.

Gérald Darmanin, ministro do Interior da França, afirmou que entre os mortos estavam cinco mulheres e uma criança - 26 pessoas foram resgatadas com vida. O premiê britânico, Boris Johnson, disse estar "chocado" com a tragédia e admitiu que os esforços para impedir as travessias "não foram suficientes". De acordo com ele, os contrabandistas de pessoas estavam "escapando impunes de assassinatos". Johnson ofereceu ajuda ao governo francês.

 

COOPERAÇÃO. O presidente da França, Emmanuel Macron, também pediu mais cooperação com Londres para combater gangues de tráfico de imigrantes. "A França não permitirá que o Canal da Mancha se transforme em um cemitério", disse. "A Europa e o seu profundo respeito pela humanidade estão de luto." Para Macron, é preciso acelerar os esforços para desmantelar os grupos de traficantes em ações conjuntas com Reino Unido, Bélgica, Alemanha e Holanda.

Franceses e britânicos trocam acusações há algum tempo sobre o vai e vem de imigrantes no Canal da Mancha. Londres acusa a França de não conter o fluxo de imigrantes, enquanto Paris culpa o Reino Unido por sua política migratória negligente, que permite que os recém-chegados consigam trabalho com facilidade no país.

Este ano, o Reino Unido já recebeu 25,7 mil pedidos de asilo de pessoas que cruzaram o Canal da Mancha, três vezes mais do que em 2020, quando 8,4 mil pedidos foram processados. Segundo autoridades francesas, 31,5 mil migrantes deixaram a costa francesa para a Inglaterra desde o início do ano. Destes, 7,8 mil foram resgatados no mar.

TRAVESSIA

Até bem pouco tempo, o método mais usado para ir ilegalmente da França ao Reino Unido era escondido em caminhões de carga. Com o aumento da fiscalização, os traficantes passaram a usar botes. A Decathlon, loja especializada em roupas e esportes, disse que parou de vender caiaques em Dunquerque e Calais, porque eles estavam sendo usados nas travessias. Este ano, os contrabandistas começaram a usar embarcações maiores, para acomodar mais migrantes em uma única travessia. Eles também passaram a usar praias mais distantes, para escapar da fiscalização, o que aumenta a distância e o risco da travessia.

Ontem, dois helicópteros - um da França e outro do Reino Unido - e três navios franceses continuavam a operação de resgate. O Ministério do Interior francês anunciou esta semana que está comprando 11 milhões de euros (cerca de R$ 69 milhões) em novos equipamentos, incluindo veículos, lanchas e aparelhos de visão noturna. (Com agências internacionais)

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