Logo O POVO+
Demitri Túlio: Caso Stephani: TJCE na encruzilhada do machismo
Farol

Demitri Túlio: Caso Stephani: TJCE na encruzilhada do machismo

Um assassinato brutal de uma mulher pelo ex-companheiro e uma condenação minimamente surpreendente. O questionaento em torno do machismo reverbera
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
ROSILENE Brito, mãe da vítima, segura retrato de Stefhani (Foto: FERNANDA BARROS/especial para o Povo)
Foto: FERNANDA BARROS/especial para o Povo ROSILENE Brito, mãe da vítima, segura retrato de Stefhani

.

Machismo continuado? Os 15 anos e dez dias de condenação para o assassino Francisco Alberto Nobre Calixto Filho, 28, autor do feminicídio contra a Stephani Borges Brito, 22, seria vício de uma estrutura judiciária que privilegia - consciente ou inconscientemente - a brutalidade dos "homens machos" que continuam a matar mulheres? Por que não a pena máxima?

É o questionamento que reverbera desde o resultado do julgamento sobre a mortificante cultura do machismo. O curioso é que os sete jurados - dois homens e cinco mulheres - aceitaram todas as qualificadoras levantadas pelo promotor de Justiça Marcus Renan Palácio. Torpeza, meio cruel (pauladas, tortura até quebrar a cervical da moça, traumatismo craniano), impossibilidade de defesa da vítima, feminicídio e ocultação do cadáver (as câmeras flagraram o executor desfilar com o corpo da garota em uma moto). Até aqui, desde a instituição da Lei do Feminicídio (2020), nenhuma das cinco varas do júri de Fortaleza sentenciou assassinos de mulheres a pagar pelo máximo previsto na legislação.

Em 2018, quando ainda não existia o crime de feminicídio, o mais que se conseguiu foram 21 anos contra o ex-suplente de vereador Alan Terceiro. Depois de atocaiar a ex-esposa (Andréa Aderaldo Jucá) em casa, ele a matou covardemente com 35 facadas. Foi o máximo que o promotor Marcus Renan conseguiu e um marco. No último dia 7/12, o juiz Antônio Edilberto Oliveira decidiu por uma pena que, no máximo, deixará o matador de Stephani preso por 4 anos. A memória da vítima, a família dela e quem abomina o machismo enxergaram mais machismo.

Agora, são os desembargadores do TJCE que decidirão sobre a perpetuação e permanência do machismo.

 

O que você achou desse conteúdo?