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O Ceará como palco das eleições de 2022
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Henrique Araújo é jornalista e mestre em Literatura Comparada pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Articulista e cronista do O POVO, escreve às quartas e sextas-feiras no jornal. Foi editor-chefe de Cultura, editor-adjunto de Cidades e editor-adjunto de Política.

O Ceará como palco das eleições de 2022

Tasso e Cid Gomes juntos na inauguração da 2ª expansão do Porto do Pecém completando a foto Ciro. Homenagem aos três ex-governadores (Foto: Fábio Lima/O POVO)
Foto: Fábio Lima/O POVO Tasso e Cid Gomes juntos na inauguração da 2ª expansão do Porto do Pecém completando a foto Ciro. Homenagem aos três ex-governadores

Política. A imagem é sugestiva: três ex-governadores do Ceará e o atual, perfilados contra um fundo repleto de cargas do Porto do Pecém, equipamento cujo processo de elaboração, construção e operação atravessa administrações e serve de síntese daquilo que os gestores pretendiam transmitir ao se reunirem: um estado cuja tônica é o desenvolvimento, o crescimento, a modernização. Não à toa, Tasso Jereissati (PSDB), Ciro Gomes (PDT), Cid Gomes (PDT) e Camilo Santana (PT), o quarteto retratado, cuidaram em traçar uma linha imaginária que percorre a história cearense dos últimos anos e dá coesão a essa fotografia, que tem uma leitura política óbvia.

Ao indicar a ideia de projeto que se inicia ainda com o governo tucano e tem continuidade com os governadores que se seguiram, o encontro de chefes do Executivo aponta para uma trajetória exitosa cuja interrupção seria prejudicial ao estado. Mais do que estabelecer uma conexão entre os nomes que se sucederam no Abolição, porém, o encontro fornece pistas sobre 2022, com essas forças caminhando próximas - quem sabe lado a lado.

Trata-se de recado eloquente a quem interessar possa. E a quem interessa saber que PSDB, PT e PDT podem confluir para uma aliança neste ano? A Capitão Wagner (Pros), por exemplo, o deputado federal que tenta costurar seu próprio arco de partidos, com PL e União Brasil, a fim de romper com o mando da situação. Para tanto, o parlamentar se ancora em capital próprio, mas também apela ao eleitorado bolsonarista.

Note-se a eloquência de Wagner na última passagem de Jair Bolsonaro (PL) pelo Ceará, à margem do canal da transposição, uma obra em disputa sobre a qual o mandatário tenta avançar e transformá-la em ativo político, em proveito próprio e dos seus aliados - entre eles, Wagner. Por uma série de fatores, o Ceará é pivô de movimentações diversas nesse tabuleiro.

De Sergio Moro a João Doria, ambos entrevistados no "Jogo Político", passando por Bolsonaro e Ciro, o estado recebeu uma romaria de pré-candidatos no intervalo de poucos dias. Aqui, mais do que em outro lugar, as forças nacionais e locais em concorrência direta experimentam discursos e ensaiam os passos de olho nas urnas.

 

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