O presidente francês, o centrista Emmanuel Macron, nomeou nesta segunda-feira (16) para o cargo de primeira-ministra a atual titular da pasta do Trabalho, Élisabeth Borne, a segunda mulher a ocupar o cargo, a menos de um mês das eleições legislativas.
"O presidente da República nomeou Elisabeth Borne primeira-ministra e a encarregou de formar um governo", anunciou a Presidência francesa em uma nota oficial concisa, após a renúncia de seu antecessor, Jean Castex, pouco antes.
Borne é a segunda mulher a exercer a função de primeira-ministra, depois da socialista Édith Cresson (1991-1992), que a desejou "muito ânimo" numa classe política "machista" uma entrevista ao Le Journal du Dimanche (JDD).
Durante a transição de poderes, a nova chefe de Governo prestou homenagens a Cresson e dedicou sua nomeação a "todas as meninas" a quem aconselhou: "Busquem seus sonhos, nada deve parar a luta pelo lugar das mulheres em nossa sociedade".
Esta experiente funcionária pública, de 61 anos, terá como objetivo aplicar o programa de Macron, reeleito em abril para mais cinco anos no cargo, desde que obtenha maioria nas próximas eleições legislativas.
"Ecologia, saúde, educação, pleno emprego, renascimento democrático, Europa e segurança. Juntos, com o novo governo, seguiremos atuando sem descanso pelas francesas e franceses", tuitou Macron.
Para impulsionar suas reformas, o presidente deve alcançar uma maioria de deputados nas eleições de 12 e 19 de junho, nas quais enfrenta uma aliança da esquerda, liderada pela ala radical, e uma forte extrema-direita.
Embora os institutos de pesquisa projetem uma nova maioria para o partido no poder, a escolha de Borne é importante. Ela acena para o eleitorado de centro-esquerda, insatisfeito com a aliança liderada pelo esquerdista Jean-Louc Mélenchon.
Além de ser mulher - uma opção apoiada por 74% dos franceses, segundo uma pesquisa recente da Ifop -, esta ex-chefe de gabinete da socialista Ségolène Royal também pertence à ala de centro-esquerda do partido.
Em seu primeiro discurso oficial, Élisabeth Borne, que também é candidata a deputada, prometeu "atuar mais rápido e com mais força" contra a mudança climática e pelo "diálogo" para construir as políticas públicas.
Sua trajetória no governo francês, onde atuou nas pastas do Transporte e Transição Ecológica, atende aos únicos critérios desejados por Macron: perfil "social", "ecológico" e "produtivo".
Terceira pessoa a atuar como primeira-ministra de Macron, após Castex e Edouard Philippe, conhece em primeira mão a principal reforma que o presidente espera realizar: o impopular adiamento da idade de aposentadoria de 62 para 65 anos.
"Vamos para uma nova temporada de abuso social", tuitou Mélenchon, depois de lembrar as medidas adotadas por Borne, como reduzir os benefícios sociais para um milhão de desempregados ou adiar o fim da energia nuclear por 10 anos.
No entanto, espera-se que entre as primeiras medidas do novo governo esteja um pacote de ajuda para enfrentar as consequências, especialmente nos preços da energia e dos alimentos, da guerra na Ucrânia.
Com a nomeação de Élisabeth Borne, Macron vira a página de um primeiro mandato marcados por protestos sociais como dos "coletes amarelos" e pela pandemia da covid-19, gerenciada por Jean Castex.
"Por quase dois anos, [o governo Castex] agiu com paixão e compromisso a serviço da França. Vamos nos orgulhar do trabalho feito", tuitou Macron, ao lado de uma imagem de seu ex-primeiro-ministro.
"Me entregaram está elevada e linda função sem reservas", garantiu Castex durante sua despedida marcada pelos aplausos de seus colaboradores, após recordar os "acontecimentos excepcionais, difíceis e dolorosos" que enfrentou.
A nomeação dos novos membros do governo, que se anuncia mais reduzido que o atual, é esperada para os próximos dias.