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Zelensky pede 'unidade' ocidental para ajudar Ucrânia
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Zelensky pede 'unidade' ocidental para ajudar Ucrânia

Entrando em seu quarto mês de guerra, as forças russas avançam na região leste de Luhansk e bombardearam implacavelmente a cidade industrial de Severodonetsk
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Um menino sentado em frente a um prédio danificado após um ataque em Kramatorsk, na região leste ucraniana de Donbas, em 25 de maio de 2022 (Foto: ARIS MESSINIS / AFP)
Foto: ARIS MESSINIS / AFP Um menino sentado em frente a um prédio danificado após um ataque em Kramatorsk, na região leste ucraniana de Donbas, em 25 de maio de 2022

O exército russo continua avançando no leste da Ucrânia, que enfrenta uma situação "extremamente difícil" e um risco de destruição em massa, afirmou nesta quarta-feira (25) o presidente Volodymyr Zelensky, lamentando a "falta de unidade" do Ocidente na entrega de armas ao seu país.

Entrando em seu quarto mês de guerra, as forças russas avançam na região leste de Luhansk e bombardearam implacavelmente a cidade industrial de Severodonetsk, onde os combates acontecem nos arredores.

Em uma videoconferência no Fórum Econômico Mundial de Davos (Suíça), Zelensky afirmou que a falta de "unidade" ocidental prejudica a Ucrânia, que "precisa do apoio de uma Europa unida".

Zelensky renovou seu pedido de armas pesadas a seus aliados, alegando que os bilhões de dólares já entregues eram insuficientes para equilibrar o poderio militar russo.

"Unidade, é sobre armas. Minha pergunta é, existe unidade na prática? Eu não vejo isso. Nossa grande vantagem sobre a Rússia seria estar verdadeiramente unidos", disse Zelensky.

Em sua mensagem diária ao país, o presidente afirmou que essas armas são "o melhor investimento para a estabilidade mundial" e lamentou os milhares de ucranianos mortos desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro.

Fornecer granadas propulsadas por foguetes, tanques, mísseis e outras armas é "o melhor investimento para evitar novas agressões russas", disse Zelensky.

"Destruída"

A Rússia tenta expandir suas conquistas na região leste do Donbass, bem como na costa sul.

Zelensky chamou a situação no Donbass de "extremamente difícil". "Os ocupantes querem destruir tudo lá", disse.

O governador da região de Luhansk, Sergei Gaidai, afirmou que Severodonetsk enfrenta ataques aéreos, de foguetes, artilharia e morteiros.

"As tropas russas avançaram tanto que podem disparar morteiros" em Severodonetsk, disse Gaidai no Telegram. A cidade "está sendo destruída", acrescentou.

Um menino sentado em frente a um prédio danificado após um ataque em Kramatorsk, na região leste ucraniana de Donbas, em 25 de maio de 2022(Foto: ARIS MESSINIS / AFP)
Foto: ARIS MESSINIS / AFP Um menino sentado em frente a um prédio danificado após um ataque em Kramatorsk, na região leste ucraniana de Donbas, em 25 de maio de 2022

Gaidai assegurou que a Rússia enviou milhares de soldados para tomar Lugansk e que o bombardeio de Severodonetsk foi tão intenso que os 15.000 civis que continuam na localidade não podem mais sair.

O ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, deixou claro que seu país está preparado para uma guerra prolongada.

"Continuaremos a operação militar especial até que todos os objetivos sejam alcançados", declarou.

Por sua vez, o presidente Vladimir Putin visitou pela primeira vez nesta quarta soldados feridos na Ucrânia.

A televisão russa exibiu imagens de Putin, usando uma bata branca, conversando com um militar, filmado de costas, em um hospital de Moscou.

"Quanto mais essa guerra durar, maior será o preço de salvaguardar a liberdade, não apenas na Ucrânia, mas em todo o mundo livre", alertou Zelensky.

A guerra levantou temores de uma crise alimentar global devido à interrupção das exportações de grãos ucranianos. Nesta quarta-feira, a Rússia afirmou que, para evitá-lo, o Ocidente deve suspender as sanções que lhe foram impostas.

A este respeito, o chanceler ucraniano, Dmytro Kouleba, denunciou uma "chantagem" russa.

"É chantagem descarada. Você não pode encontrar um exemplo melhor de chantagem nas relações internacionais. Se alguém aceitar, então essa pessoa tem um problema", criticou em Davos.

Enquanto isso, a Comissão Europeia apresentou hoje um projeto de lei que torna mais difícil para os magnatas russos escaparem das sanções e busca definir uma estrutura legal para o confisco de bens para pagar a reconstrução da Ucrânia.

"Apenas uma guerra"

O financiamento e as armas ocidentais ajudaram a Ucrânia a conter os avanços russos em várias regiões, incluindo a capital, Kiev.

Zelensky assegurou que Moscou sofreu a perda de 30.000 soldados.

"Foram três meses de crimes de guerra por parte dos ocupantes russos. Três meses de bombardeios, destruição, cerco. E três meses de grande heroísmo do povo que defende sua terra, seu país", disse.

Mas, insistiu, a Ucrânia precisa de mais ajuda.

O ministério da Defesa russo informou que as águas do porto de Mariupol (sudeste), cidade estratégica que sofreu um cerco devastador, foram desminadas e que estão em curso operações para "restaurar a infraestrutura portuária".

O prefeito da cidade, Vadym Boychenko, declarou, porém, que há 100 mil pessoas sem água, comida e eletricidade e alertou que as doenças podem causar mais mortes.

Em Kherson (sul), sob controle das forças russas desde o início da guerra, as autoridades apoiadas por Moscou continuam a pressionar por uma anexação formal à Rússia e os habitantes estão preocupados com seu futuro.

Em uma visita de imprensa organizada pelo ministério da Defesa da Rússia, jornalistas da AFP observaram que a cidade evitou amplamente os estragos da guerra, que deixou grande parte do país em ruínas. Mas a vida está mergulhada na incerteza.

"As pessoas estão muito preocupadas", disse Alexander Loginov, motorista de 47 anos, referindo-se à instabilidade e aos temores sobre pagamentos de salários com "bancos ucranianos fechados".

"Honestamente, é apenas uma guerra", acrescentou Loginov. "Muitas pessoas ainda não entendem o que aconteceu."

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