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Mannuel Costa, o ambientalista cearense padrinho das brigadas pantaneiras
Farol

Mannuel Costa, o ambientalista cearense padrinho das brigadas pantaneiras

"Hoje em dia todo mundo quer falar do meio ambiente, mas só de maneira pontual, como se fosse um bus (negócio)", diz o ator
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FORTALEZA CE, BRASIL, 06.07.2022:  Dois dedos de prosa com Mannuel Costa é ator, influenciador e sempre esteve à frente de projetos sociais e ambientais.    (fotos: Fabio Lima/O POVO) (Foto: FABIO LIMA)
Foto: FABIO LIMA FORTALEZA CE, BRASIL, 06.07.2022: Dois dedos de prosa com Mannuel Costa é ator, influenciador e sempre esteve à frente de projetos sociais e ambientais. (fotos: Fabio Lima/O POVO)

No Lago Jacarey, entre animais nativos e moradores locais, o ator e ambientalista, Mannuel Costa, de 39 anos, conta que encontrou nas redes sociais uma forma de potencializar a própria atuação em prol de causas ambientais e sociais. Além disso, Mannuel defende uma atuação séria em relação a preservação da natureza, e critica quem usa desta pauta apenas para se autopromover. "Hoje em dia todo mundo quer falar do meio ambiente, mas só de maneira pontual, como se fosse um bus (negócio)."

Após os incêndios no Pantanal em 2020, ele passou a se relacionar com profissionais da instituição SOS Pantanal de maneira virtual, para divulgar as demandas da população pantaneira. O Instituto é uma organização, que tem a missão de informar, divulgar e promover o diálogo para um Pantanal sustentável.

Com o tempo e o estreitamento da relação entre ator e instituição, Mannuel foi convidado para ser padrinho das brigadas, atuando presencialmente nos locais. No próximo dia 15, o cearense se prepara para chegar ao Pantanal Sul, na cidade de Corumbá (MS), para acompanhar os novos treinamentos. O intuito é contribuir para o controle de pânico, prevenção de incêndios, evacuação de emergência e prestação de socorro às vítimas.

FORTALEZA CE, BRASIL, 06.07.2022:  Dois dedos de prosa com Mannuel Costa é ator, influenciador e sempre esteve à frente de projetos sociais e ambientais.    (fotos: Fabio Lima/O POVO)
FORTALEZA CE, BRASIL, 06.07.2022: Dois dedos de prosa com Mannuel Costa é ator, influenciador e sempre esteve à frente de projetos sociais e ambientais. (fotos: Fabio Lima/O POVO) (Foto: FABIO LIMA)

O ator ressalta ainda que as ações de impacto social não se iniciaram após as queimadas e não terminaram após o controle da situação na região. Como ativista, Manuel atua em projetos em parceria com o Instituto Primeira Infância (Iprede), em um projeto que une combate à fome e a sustentabilidade. Já em seu papel de comunicar, idealizou projeto de lives na pandemia de Covid-19, para promover uma comunicação humanizada.

O POVO: Como se iniciou sua relação com a instituição SOS Pantanal?

Mannuel Costa: A minha relação com a instituição surgiu quando eu vi as imagens chocantes decorrentes das queimadas, toda aquela vegetação e aqueles animais incinerados. Depois disso, eu entrei em contato. Eu queria lutar em prol daquele lugar, que estava tão longe de mim, mas ao mesmo tempo tão perto. A gente tem um olhar esquecido em relação ao Pantanal. Fala-se pouco da Amazônia, menos ainda do Pantanal.

Começamos produzindo conteúdo na internet para divulgar o cenário da região. Atualmente, eu sou padrinho da SOS Pantanal. Na época, houve uma atenção maior em relação àquele lugar, mas, hoje em dia, nem tanto. Eu acho triste o abandono dos artistas e influenciadores em relação a pauta. Hoje em dia todo mundo quer falar do meio ambiente, mas só de maneira pontual, como se fosse um bus (negócio). Têm as marcas de moda que se aproveitam do assunto para se promover. Isso é fundamental, mas às vezes não é orgânico.

Tem também uma galera hiponga (pessoa que emula a cultura hippie), que se diz atuar em prol do meio ambiente, mas não cumpre esse papel com a seriedade exigida. Nosso discurso precisa estar amparado pela ciência, e a gente precisa atuar com seriedade e promover uma educação ambiental, desde a escola.

O POVO: Então dá para usar as redes sociais para fazer ativismo?

Mannuel Costa: Dá para usar as redes de uma maneira que impacte a vida dos outros. Comunicar e discutir essas questões foi a forma que eu encontrei para mobilizar as pessoas sobre questões importantes. As redes sociais podem possuir um papel maior que o do entretenimento. O espaço virtual pode ser usado para a educação e o ativismo. Eu sempre me interessei pelos diálogos. Me importa mostrar para as outras pessoas as coisas fundamentais que envolvem a natureza e o social, e que muitas vezes passam despercebidas. Por exemplo, o lixo que se joga no Lago Jacarey tem um ciclo que volta para as próprias pessoas. O plástico demora séculos para se decompor, um peixe pode acabar se alimentando daquele material, e a gente se alimentando daquele peixe

O POVO: Qual o motivo de todas essas ações? Por que se dedicar a causas ambientais?

Mannuel Costa: Eu quero mostrar o valor da natureza para as pessoas, mas eu não sou biólogo ou especialista no assunto, por isso eu busco sempre conversar com intelectuais que possam falar do assunto, para transmitir com propriedade para as outras pessoas o que há de urgente na sociedade. É uma forma que eu encontrei de atuar na fiscalização e na promoção de informações. É muito bacana esse projeto. Eu conversei com diversas pessoas e especialistas da saúde física e mental; meio ambiente, autoconhecimento, economia e arte. Participaram das lives nomes como Artur Bruno (secretário estadual do meio ambiente), Daiane dos Santos (campeã mundial de ginástica artística), Mateus Solano (ator), Cristiane Mozzetti (porta-voz da campanha Amazônia pelo Greenpeace Brasil), Gustavo Cabral (imunologista), Mariana Ferrão (jornalista), Jaqueline Goes (biomédica), entre outros.

O POVO: Quando o ativismo ambiental e as causas sociais começaram a se tornar sua bandeira?

Mannuel Costa: Por causa do Lago Jacarey, aqui na Cidade dos Funcionários. Ele é meu refúgio, minha conexão com o meu interior e exterior. Cresci brincando nessa lagoa. Hoje tenho 39 anos, moro aqui desde os 2. Abri os olhos para a vida e já estava aqui. Conheço cada detalhe, as espécies que aqui habitam, as pessoas que pescam nele para comer, e agora os empreendedores do entorno. Todos os dias estou aqui seja qual for o horário do dia, é como se fosse pedir bênção. Tem amigos, que me chamam de Guardião do Lago. Para além do ativismo, a natureza nos proporciona uma experiência única em relação à espiritualidade. Meu autoconhecimento e autocuidado eu devo a natureza, é o local em que eu me permito. 

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