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Quem foi Vicente Fialho, ex-prefeito de Fortaleza que morreu nesta segunda-feira
Farol

Quem foi Vicente Fialho, ex-prefeito de Fortaleza que morreu nesta segunda-feira

Natural de Tauá, no Ceará, o político cearense também foi prefeito de São Luiz, no Maranhão, e votou a favor da abertura do processo de impeachment do presidente Fernando Collor de Melo
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Especial aniversaio de Fortaleza com ex- Prefeito Vicente Fialho. Na foto: Vicente Fialho, Ex-Prefeito de Fortaleza. Foto: Deivyson Teixeira em 13/01/2011 (Foto: DEIVYSON TEIXEIRA)
Foto: DEIVYSON TEIXEIRA Especial aniversaio de Fortaleza com ex- Prefeito Vicente Fialho. Na foto: Vicente Fialho, Ex-Prefeito de Fortaleza. Foto: Deivyson Teixeira em 13/01/2011

O ex-prefeito de Fortaleza Vicente Fialho faleceu na noite desta segunda-feira, 11, vítima de complicações provocadas pela Covid-19, no Hospital São Carlos. O político cearense possui um longo histórico de atuação, tendo em sua trajetória o cargo de prefeito de São Luiz, no Maranhão, além também de ter participado da abertura do processo de impeachment do presidente Fernando Collor de Melo, em 1992.

História

Vicente Cavalcanti Fialho nasceu no município de Tauá (CE) no dia 27 de janeiro de 1938, filho de Temístocles Lins Fialho e de Francisca Cavalcanti Fialho. Transferindo-se para Fortaleza, em 1957 iniciou curso de engenharia civil na Universidade Federal do Ceará, diplomando-se em 1961. Neste último ano, foi secretário do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) de Fortaleza.

Em 1965, Fialho ingressou na pós-graduação em transportes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), concluindo-a no ano seguinte. Paralelamente a esses estudos, trabalhou como secretário de Obras, Minas e Energia de Fortaleza. Ainda em 1966, foi convidado pelo governador José Sarney (1966-1970), do Maranhão, de quem tornou-se amigo pessoal, para dirigir o Departamento de Estradas de Rodagem do estado, cargo que ocupou até 1969. Neste último ano, foi nomeado prefeito de São Luís.

Em 1970, ele deixou essa prefeitura para ocupar a da capital do seu estado. Permanecendo, então, na prefeitura de Fortaleza até 1975. Durante esse ano e o seguinte, trabalhou como técnico da Comissão Nacional de Política Urbana e Região Metropolitana.

Entre 1976 e 1978, Vicente exerceu o cargo do Denatran, em Brasília, durante o governo de João Batista Figueiredo (1979-1985). Em 1979, foi superintendente da Amazônia Mineração, empresa ligada à Companhia Vale do Rio Doce. De 1985 a 1986, no governo José Sarney, foi diretor-geral do Departamento Nacional de Obras e Saneamento (DNOS), no Rio de Janeiro. No mesmo ano, ele foi indicado para ocupar o Ministério Extraordinário para Assuntos de Irrigação, criado em fevereiro. 

Em dezembro de 1987, o político afirmou que nos dois últimos anos o governo já conseguira irrigar 150 mil hectares de terras produtivas do Nordeste, além de ter implantado três mil quilômetros de linha de distribuição de energia, como base de apoio para os agricultores, nas margens dos rios perenizados. Ainda nesse mês, considerando o Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs) patrimônio do Nordeste, descartou a possibilidade de extinção do órgão e anunciou novas medidas para fortalecê-lo.

Um ano depois, o tauaense negociou projetos de irrigação junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em Washington, e foi membro especial da comitiva do presidente do Brasil em visita oficial à China. Entre 1988 e 1990, foi membro da Comissão Nacional de Energia.

Em fevereiro do ano seguinte, Fialho assinou um convênio com o governador de Minas Gerais, Newton Cardoso (1987-1991), para a liberação de 130 milhões de dólares para viabilizar a primeira etapa do projeto Jaíba, localizado em Manga (norte de Minas), no vale do São Francisco. Esse projeto, que fora iniciado em 1973, na época do “milagre brasileiro”, para ser o maior projeto de irrigação da América Latina, deveria estar pronto desde 1978 e, segundo Vicente, levaria ainda 11 anos para ser concluído.

Em janeiro de 1989, o ex-prefeito admitiu o fim de seu ministério e declarou que ele na verdade seria “um programa que tinha um ministro para articulá-lo”. Achou natural que sua pasta fosse extinta e anexada a outro ministério, como o da Agricultura ou o do Interior. No mesmo mês, foi empossado como novo titular do Ministério das Minas e Energia, no lugar de Aureliano Chaves.

Por essa ocasião, Vicente anunciou que o novo presidente da Petrobras seria escolhido entre técnicos da própria empresa, segundo diretriz do presidente Sarney. Defendeu a manutenção do programa de energia nuclear, referindo-se à conveniência da continuidade das usinas Angra I, II e III.

Em julho, Fialho autorizou as multinacionais Billington Metais, Alcon e Dow Chemical e a empresa nacional Camargo Correia a construírem com recursos próprios a usina hidrelétrica de Serra Quebrada, no rio Tocantins (MA). Em agosto, prometeu continuar o projeto da usina de xisto, ameaçado de suspensão como forma de conter despesas. Também em 1989, participou da negociação dos produtores mundiais de estanho na Tailândia.

Visando garantir o abastecimento de álcool a partir de fevereiro do ano seguinte, para quando estaria sendo previsto o início da escassez, foi Vicente que autorizou a liberação de verba para aquisição de metanol no mercado internacional, em novembro de 1989. Com a proibição da comercialização do metanol na cidade de São Paulo e no estado do Rio, em janeiro de 1990 disse estar confiante quanto à sua liberação, devido aos pareceres favoráveis de entidades públicas como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama).

No mês seguinte, com base na decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de que cada Tribunal Regional Federal (TRF) poderia permitir ou não o uso do combustível em sua jurisdição, a proibição no Rio foi mantida estendendo-se até o Espírito Santo. Mesmo assim, embora a sede da estatal fosse no Rio, Fialho autorizou a Petrobras a dar início à mistura de álcool, gasolina e metanol.

Deixa a pasta em março de 1990, data em que ela foi incorporada ao Ministério da Infra-Estrutura, sendo substituído por Pratini de Morais. Elegeu-se deputado federal no pleito de outubro desse ano na legenda do Partido da Frente Liberal (PFL). Empossado em fevereiro seguinte, participou dos trabalhos legislativos como membro titular da Comissão de Agricultura e Política Rural e suplente da Comissão de Minas e Energia e da Comissão de Defesa Nacional.

Na sessão da Câmara dos Deputados de 29 de setembro de 1992, votou a favor da abertura do processo de impeachment do presidente Fernando Collor de Melo, acusado de crime de responsabilidade por ligações com um esquema de corrupção liderado pelo ex-tesoureiro de sua campanha presidencial, Paulo César Farias. Collor foi afastado da presidência após a votação na Câmara, renunciando ao mandato no dia 29 de dezembro, pouco antes da conclusão do processo pelo Senado. 

O ex-parlamentar deixou a Câmara em janeiro de 1995, ao final da legislatura, não tendo concorrido à reeleição em outubro do ano anterior. Vicente Fialho foi ainda proprietário de uma emissora de TV no interior do Ceará, professor universitário e participante do Plano de Desenvolvimento Integrado na Região Metropolitana de Fortaleza e das diretrizes nacionais de segurança de transportes. Ele casou-se com Maria Mirian Brito Fialho, com quem teve cinco filhos.

Repercussão

O falecimento do ex-prefeito de Fortaleza Vicente Fialho, na noite desta segunda-feira, 11, repercutiu no meio político não apenas cearense, mas em todo o Brasil. Natural de Tauá, o ex-parlamentar atuou na Câmara dos Deputados nos anos 90 e integrou órgãos em diversos estados do País, como é o exemplo do Maranhão. 

No Ceará, o ex-governador Camilo Santana (PT) usou as redes sociais para manifestar pesar pelo falecimento do ex-prefeito da capital. "Recebi com muito pesar a notícia da morte do ex-prefeito de Fortaleza, Vicente Fialho. Tauaense, Vicente também foi deputado federal, prefeito de São Luís, no Maranhão, e ministro de Minas e Energia. Que Deus conforte a família e amigos", escreveu o petista. 

No cargo após a saída de Santana, a governadora Izolda Cela (PDT) também comentou o assunto e desejou solidariedade à família e amigos de Vicente: "Minha solidariedade à família e aos amigos do ex-prefeito de Fortaleza, Vicente Fialho, que faleceu ontem à noite aos 84 anos. Ao longo de sua vida pública, Vicente também foi ministro das Minas e Energia e deputado federal, além de prefeito de São Luís (MA)"

A morte também teve repercussão do Legislativo estadual e federal. O presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, deputado Evandro Leitão (PDT-CE) fez sua homenagem. "Lamento profundamente o falecimento do ex-prefeito de Fortaleza, Vicente Fialho, aos 84 anos. Natural de Tauá, Vicente também exerceu na vida pública os cargos de ministro de Minas e Energia, deputado federal, além de prefeito de São Luís, capital do Maranhão", afirmou. 

Para o deputado estadual Heitor Férrer (UB-CE), Fialho atuou como "uma grande marca" para Fortaleza. "Manifestamos o nosso pesar pelo falecimento do ex-prefeito de Fortaleza Vicente Fialho. Durante sua gestão, foram construídas as avenidas Leste-Oeste e Aguanambi e o Conjunto José Walter, uma grande marca na Capital. Nossa solidariedade aos familiares e amigos". 

O deputado federal Eduardo Bismarck (PDT-CE) também escreveu: "Grande homem que fez história na política, contribuiu com o desenvolvimento do nosso Ceará e deixa um legado de muitos feitos! Descanse em paz. Meus sentimentos a família e amigos". 

No Maranhão, o prefeito de São Luís, Eduardo Braide (Podemos-MA), emitiu uma nota de pesar. O deputado estadual, Neto Evangelista (UB-MA), e o presidente da Assembleia Legislativa do Maranhão, deputado estadual, Othelino Neto (PCdoB), também comentaram sobre o assunto. 

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