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Bolsonaro nega fome no País e diz que 'não tem picanha' para todos
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Bolsonaro nega fome no País e diz que 'não tem picanha' para todos

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Site enderaçado com o nome do presidente da República Jair Bolsonaro (PL) sai do ar (Foto: ESTADÃO CONTEÚDO)
Foto: ESTADÃO CONTEÚDO Site enderaçado com o nome do presidente da República Jair Bolsonaro (PL) sai do ar

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou ontem que "fome para valer (no País) não existe da forma como é falado" ao ser questionado sobre medidas para resolver o problema. O chefe do Executivo afirmou que quem diz o contrário "são pessoas que vendem mentiras".

"Se eu falar para vocês não tem fome no Brasil, amanhã o pessoal me esculacha na imprensa. Mas eles não sabem a realidade, se existe gente faminta no Brasil ou não. O que a gente pode dizer, se for em qualquer padaria aqui, não tem ninguém ali pedindo para você comprar um pão para ele, isso não existe. Eu falando isso eu estou perdendo votos, mas a verdade você não pode deixar de dizer", afirmou em entrevista ao Ironberg Podcast, do fisiculturista Renato Cariani. "Quem por ventura está no mapa da fome pode se cadastrar, vai receber, não tem fila o Auxílio Brasil. São 20 milhões de famílias", disse.

Mais cedo, em entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan, Bolsonaro rebateu a declaração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em sabatina no Jornal Nacional, da TV Globo, de que a população tem de voltar a comer picanha. "A esquerda vende a ilusão de picanha para todo mundo, e eu digo: Não tem filé-mignon para todo mundo", disse o chefe do Executivo Na sabatina, Lula afirmou que "o povo tem de voltar a comer churrasquinho, a comer uma picanha e tomar uma cervejinha".

Dados do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19, lançado em junho, mostram que 33,1 milhões de pessoas não têm o que comer no País - patamares registrados pela última vez apenas nos anos 1990. A nova edição da pesquisa mostra ainda que mais da metade da população brasileira (58,7%) convive com algum grau de insegurança alimentar (leve, moderado ou grave).

Mais cedo, em cerimônia de inauguração do auditório da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Bolsonaro já havia comentado as declarações do petista. "Vai acreditar nessa conversa mole de que você vai ter tudo, ‘vou passar gasolina para R$ 3’, ‘todo mundo vai comer picanha todo final de semana’? Não tem filé-mignon para todo mundo", disse o candidato à reeleição.

Em maio do ano passado, Bolsonaro foi alvo de críticas nas redes ao aparecer em uma foto segurando uma picanha de R$ 1.799,99 o quilo. À época, ele disse que a peça de carne havia sido um presente.

TETO DE GASTOS

No podcast, Bolsonaro também abordou a contratação de professores de Educação Física para as escolas públicas. O chefe do Executivo ressaltou a restrição orçamentária no País e disse que vai manter o teto de gastos - a regra que limita o crescimento das despesas do governo à inflação do ano anterior.

"Hoje em dia, muita gente reclama sobre isso aí (teto). Mas eu entendo que, se você ampliar os gastos, as consequências serão péssimas para todo mundo. Então, vamos manter o teto de gastos e, na medida do possível, atendendo nem que seja à conta-gotas anseios como esse", disse Bolsonaro. "Tem de fazer uma conta bem-feita, até porque o meu governo foi o primeiro que tem teto de gastos. Eu tenho um limite para gastar. Quanto mais eu empurro de um lado, vou ter de tirar de outro lugar. Você não tem como tirar de outro lugar, estamos no limite do limite", afirmou o candidato à reeleição.

FUNCIONALISMO

O presidente disse que o gasto com o funcionalismo é "bastante alto" no Brasil, mas voltou a sinalizar que deve haver reajuste salarial para as categorias em 2023. "Não dá para a gente aumentar despesas ou prometer durante um período eleitoral como o que gente está agora para ganhar simpatia dos nossos muitos professores de Educação Física", disse.

Na prática, o governo Bolsonaro "driblou" o teto de gastos em diversos momentos nos últimos anos. Na ocasião mais recente, o Executivo conseguiu aprovar no Congresso uma emenda constitucional que decretou emergência no País para viabilizar o aumento do Auxílio Brasil de R$ 400 a R$ 600, até o final do ano, e a concessão de novos benefícios sociais, às vésperas das eleições e fora do teto.

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