O ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro (União Brasil) foi eleito senador no Paraná na eleição deste domingo, 2. Com 100% das seções totalizadas, ele recebeu 1,9 milhão de votos na disputa ao Senado, o equivalente a 33%, e assumirá a cadeira que era de Alvaro Dias (Podemos), que foi derrotado em sua tentativa de reeleição e terminou o pleito no terceiro lugar, atrás de Paulo Martins (PL).
Dias foi padrinho político de Moro e os dois eram aliados antes de serem adversários na disputa ao Senado no Paraná. A relação foi abalada quando o ex-juiz migrou para o União Brasil quatro meses depois de se filiar ao Podemos, de Dias. Ambos passaram a campanha trocando acusações. Moro fica no cargo até 2030. Seus suplentes são Luis Felipe Cunha e Ricardo Guerras, ambos do União Brasil.
"A gente teve poucos aliados políticos, mas os que tivemos foram muito valorosos. A aliança principal foi com o cidadão. Pode ter certeza, a gente vai honrar cada voto. Vamos ser uma voz importante no Senado. Estou muito feliz e orgulhoso", afirmou o senador eleito, ao chegar à sede do TRE-PR. Ele criticou institutos de pesquisa e preferiu não declarar apoio a Bolsonaro - ele é adversário de Lula.
O senador eleito também disse que o "sistema político" estava contra ele. "Estávamos esperando a vitória, mas claro, sempre com humildade. Tanto que a eleição foi tensa até o final. Todo o sistema político (estava) contra nós. Chegamos com cabeça erguida, sem dever nada a ninguém", disse.
No sábado, pesquisa Ipec encomendada pela RPC, afiliada da TV Globo, Dias liderava com 33%, seguido por Moro, com 27% e Paulo Martins, com 13%. Com margem de erro de três pontos porcentuais, Dias e Moro apareciam tecnicamente empatados. Porém, desde a largada da apuração, Moro ficou à frente, com Martins em segundo e Dias em terceiro.
A eleição de Moro reforça uma tendência de renovação nas cadeiras do Paraná no Senado iniciada em 2018, quando Flavio Arns e Oriovisto Guimarães, ambos do Podemos, desbancaram figuras tradicionais como o ex-senador e ex-governador Roberto Requião (PT) e o ex-governador Beto Richa (PSDB), que desistiu da disputa após uma prisão. Alvaro Dias, que soma quatro mandatos, estava no Senado consecutivamente desde 1998.
A eleição para o Senado representa uma vitória para Moro depois de uma sucessão de derrotas. Ele havia desistido de concorrer à Presidência da República e tinha sido impedido pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) de concorrer em São Paulo.
Moro ficou conhecido nacionalmente por sua atuação na 13ª Vara Federal de Curitiba no âmbito da Lava Jato, a maior operação contra a corrupção da história do Brasil, e pelas decisões que resultaram na prisão de Luiz Inácio Lula da Silva. A grande popularidade fez com que o próprio magistrado fosse cotado como um dos possíveis candidatos a presidente da República nas eleições 2018.
Moro largou o cargo de juiz federal e passou a integrar o governo de Jair Bolsonaro desde seu início, em janeiro de 2019. A pasta da Justiça se fundiu à da Segurança Pública, criando um “superministério”. No entanto, a relação entre presidente e ministro se desgastou ao longo do mandato. Moro desembarcou do governo no início do ano passado acusando o presidente de tentar interferir em investigações da Polícia Federal.