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Em meio a disputa de 2º turno, Bolsonaro antecipa calendário do Auxílio Brasil
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Em meio a disputa de 2º turno, Bolsonaro antecipa calendário do Auxílio Brasil

Presidente anunciou também o 13º para mulheres que recebem o Auxílio Brasil
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BOLSONARO teve 43,20% dos votos (Foto: MAURO PIMENTEL / AFP)
Foto: MAURO PIMENTEL / AFP BOLSONARO teve 43,20% dos votos

Na largada do segundo turno das eleições, o presidente Jair Bolsonaro (PL) aposta em mais um conjunto de "bondades" para quem recebe o Auxílio Brasil como aposta para derrotar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Sem dar detalhes, Bolsonaro compartilhou uma notícia de anúncio do 13º para mulheres que recebem o Auxílio Brasil. Na avaliação da campanha, com quase um mês até a disputa, o chefe do Executivo ainda tem espaço para crescer no eleitorado de baixa renda no Nordeste, principalmente o feminino.

O governo também antecipou ontem, 3, o calendário de pagamentos do Auxílio Brasil em outubro. Os repasses começariam no dia 18 e terminariam no dia 31, conforme o Número de Identificação Social (NIS) dos beneficiários. Agora os pagamentos serão feitos a partir do dia 11 e terminarão no dia 25, cinco dias antes do segundo turno. O Auxílio Gás também será depositado uma semana antes do previsto neste mês de outubro. Os pagamentos começam a ser feito na próxima terça-feira, 11.

Em entrevista ao programa A Voz do Brasil nesta segunda-feira, 3, a presidente da Caixa, Daniella Marques, disse que mais de 21 milhões de famílias serão assistidas, recebendo o benefício de R$ 600. Este mês, serão pagos R $12,5 milhões aos beneficiários. Já o Auxílio Gás, de R$112 reais bimestrais, assiste 5,9 milhões de famílias, num total de R$ 650 milhões.

A estratégia de Bolsonaro, que começou a ser colocada em prática no dia seguinte ao primeiro turno, é tentar reduzir a vantagem de Lula nos Estados nordestinos, enquanto aposta na manutenção ou até na ampliação do apoio que alcançou no Sudeste. Dos três maiores colégios eleitorais do País, o candidato à reeleição foi mais votado que o petista em dois: São Paulo e Rio de Janeiro. Em Minas Gerais, foi superado por Lula. Agora, contudo, Bolsonaro espera contar com o palanque do governador eleito de MG, Romeu Zema (Novo).

Antes do início da campanha, a economia era considerada o "calcanhar de Aquiles" de Bolsonaro, ou seja, seu ponto fraco, já que a inflação estava alta, os preços dos combustíveis aumentavam e a pobreza crescia. Às vésperas das eleições, contudo, o governo conseguiu aprovar um pacote de "bondades" no Congresso, que incluiu o aumento do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600 até o fim do ano e um teto para o ICMS sobre combustíveis, que ajudou a reduzir os preços da gasolina e do diesel.

Os efeitos esperados pela campanha de Bolsonaro com a melhora dos indicadores econômicos e a concessão de benefícios sociais, contudo, não se confirmaram ao longo do primeiro turno. Lula liderou entre quem recebe o Auxílio Brasil e nos Estados do Nordeste, que concentra grande parte da população de baixa renda Além disso, a rejeição do presidente entre as mulheres continuou alta. Por isso, entre aliados do candidato à reeleição, também há dúvidas se as quatro semanas até o segundo turno serão suficientes para que mais medidas na área econômica de fato surtam efeito.

Em pronunciamento no Palácio do Alvorada no domingo, após acompanhar a apuração dos votos no primeiro turno, Bolsonaro já deu sinais de que apostaria na pauta econômica para reverter a vantagem de Lula. Na ocasião, o presidente disse que obteve menos votos do que o petista porque a população está insatisfeita com a perda de poder de compra. A estratégia bolsonarista é admitir a crise econômica, mas culpar a pandemia de covid-19 e a guerra na Ucrânia, além de dizer que com o PT no governo seria pior. "Entendo que é uma vontade de mudar por parte da população, mas têm certas mudanças que podem vir para pior. E a gente tentou durante a campanha mostrar esse outro lado, mas parece que não atingiu a camada mais importante da sociedade", disse o presidente, no Alvorada.

ORÇAMENTO

O custo de conceder o 13º salário a mulheres que recebem o Auxílio Brasil seria de R$ 10,110 bilhões. De acordo com informações da Secretaria Nacional de Renda de Cidadania do Ministério da Cidadania, as mulheres representaram 81,6% no recebimento do Auxílio Brasil em setembro. São 16,85 milhões de famílias chefiadas por mulheres que recebem o mínimo de R$ 600.

A promessa do presidente não tem espaço no Orçamento de 2022 e tampouco na proposta orçamentária do próximo ano já enviada ao Congresso. Apesar de garantir que os pagamentos de R$ 600 continuarão a partir de janeiro, o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2023 tem recursos suficientes apenas para o pagamento médio de R$ 405 por família. De acordo com cálculos do Ministério da Economia, o custo adicional para manter a parcela extra de R$ 200 nos benefícios seria de R$ 52 bilhões, valor que subiria para mais de R$ 62 bilhões com a nova promessa de 13.º para as famílias chefiadas por mulheres.

No mês passado, Bolsonaro também prometeu pela primeira vez cumprir a lei do Auxílio Brasil e pagar um adicional de R$ 200 às famílias que comprovarem algum vínculo formal de emprego. O chamado Auxílio Inclusão Produtiva Urbana prevê o pagamento extra, mas nunca foi operacionalizado pelo Ministério da Cidadania.

Sem espaço no teto de gastos, tanto Lula como Bolsonaro precisarão negociar com o Congresso um novo rompimento da regra fiscal para conseguir ampliar o gasto social em 2023. O relator-geral do Orçamento, senador Marcelo Castro (MDB), já avisou que só começará a debater a peça após o fim da eleição.

O 13.º do Bolsa Família foi pago só em 2019. Depois disso, veio a pandemia e o governo lançou mão do auxílio emergencial. Além disso, a previsão da parcela adicional não entrou na lei do Auxílio Brasil.

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