O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política
O jornalista Carlos Mazza já foi repórter de Política, repórter investigativo, coordenou o núcleo de jornalismo de dados do O POVO e atualmente é colunista de Política
Divisão Nem toda a experiência de 2018 nem os últimos anos turbulentos serviram de muita coisa: mais uma vez, chegamos à data decisiva das eleições com um cenário imprevisível, marcado por instabilidade, escalada de violência e muita desinformação. Apenas nos últimos sete dias, a coalizão do Comprova, que reúne diversos veículos de imprensa do País, precisou desmentir pelo menos 21 conteúdos "virais" com informações falsas sobre a eleição, 15 deles contra Lula (PT) e seis contra Jair Bolsonaro (PL).
Ainda que exista predomínio claro de desinformação entre a campanha bolsonarista, os números gerais não orgulham (ou não deveriam orgulhar) nenhuma das partes envolvidas. Mais uma vez, o espaço que deveria ter sido ocupado pelo debate sobre o futuro do Brasil acabou virando ringue de "vale tudo" sobre comunismo, maçonaria e acusações sem qualquer relevância para o país, ainda mais para uma nação de problemas tão complexos quanto a nossa.
A "aridez" de ideias ficou clara sobretudo na última sexta-feira, no último debate presidencial da Rede Globo. Na oportunidade final para o confronto de projetos, o presidente da República preferiu optar por voltar a acusar o adversário, sem qualquer prova, de ter sido acompanhado por traficantes em visita ao Complexo do Alemão. Lula, por sua vez, resgatou fala de Bolsonaro de 1992 sobre "pílulas abortivas", no que acabou se transformando em uma disputa sobre quem seria o maior "abortista" entre os dois.
Por todo o País, a pouca propensão pelo debate acaba se somando à sanha armamentista bolsonarista, tornando comuns cenas como as que vimos ontem, com a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) sacando uma arma contra um eleitor que teria batido boca com ela. Cena semelhante ocorreu também em Caucaia, com um apoiador do presidente empunhando uma arma durante carreata pró-Bolsonaro.
Hoje, o Brasil vai às urnas mais dividido do que nunca. Que amanhã possamos, vença quem vencer, começar a reconstrução.
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