Umas das vozes mais importantes na mediação de um Brasil sertanejo - ou caipira, como preferia - com as audiências mais urbanas, o apresentador, ator e compositor Rolando Boldrin morreu nesta quarta-feira, 9, aos 86 anos. A causa da morte não havia sido revelada até o fechamento da edição.

A Fundação Padre Anchieta, que mantém a TV Cultura, casa que abrigou o artista por 17 anos à frente do programa Sr. Brasil, confirmou a morte e lamentou em um comunicado enviado à imprensa "Rolando Boldrin teve enorme contribuição na história da TV Cultura." Sobre sua atuação no programa, disse: "Ele ‘tirou o Brasil da gaveta’ e fez coro com os artistas mais representativos de todas as regiões do País. O cenário privilegiava os artesãos e era circundado por imagens dos artistas que fizeram a nossa história, escrita, falada e cantada, e que já viajaram, muitos deles ‘fora do combinado’, conforme costumava dizer Rolando".

Rolando Boldrin, ao lado de Inezita Barroso (morta em 2015), se tornou um emblema da música regional produzida no País. Seus convidados, muitas vezes, nunca haviam tido espaço em programas de TV ou jornais, mas não deixavam de ser valorizados, com tempo para contar histórias e tocar. Uma ilha na TV - a última do gênero depois da partida de Inezita, que conduziu por décadas o Viola, Minha Viola -, seu dominical apontava para uma produção considerada "invisível" nos meios convencionais.

Boldrin, sétimo filho de uma família de 12 irmãos, foi o único a se lançar no meio artístico. Depois de deixar o interior de São Paulo, se tornou ator de filmes premiados para, em seguida, se firmar também como compositor, cantor, apresentador e, como gostava de frisar, contador de causos.

INÚMEROS TALENTOS

"O caipira que cantou e contou o Brasil como poucos teve uma vasta carreira na teledramaturgia brasileira. Boldrin foi um homem de inúmeros talentos e muita personalidade, mas dizia que era fundamentalmente um ator: ‘Esse tem sido meu trabalho a vida inteira; radioator, ator de novela, de teatro, de cinema, um ator que canta, declama poesias e conta histórias’", escreveu a Fundação Padre Anchieta.

Como ator, foram mais de 30 novelas, dentre elas O Direito de Nascer, As Pupilas do Senhor Reitor, Os Deuses Estão Mortos, Mulheres de Areia, A Viagem, Roda de Fogo e Cara a Cara. Antes do Sr. Brasil, ele esteve à frente do Som Brasil, na Globo, do Empório Brasileiro, na Bandeirantes; e do Empório Brasil, no SBT