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Copa do Mundo no Catar é agitada em campo e tem problemas fora dele
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Copa do Mundo no Catar é agitada em campo e tem problemas fora dele

Ao escolher o Catar como sede do Mundial, a Fifa legitimou um cenário que vai na contramão do que a Copa do Mundo representa
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Richarlison no gol que o consagrou na estreia do Brasil na Copa do Catar (Foto: GIUSEPPE CACACE/AFP)
Foto: GIUSEPPE CACACE/AFP Richarlison no gol que o consagrou na estreia do Brasil na Copa do Catar

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A primeira semana da Copa do Mundo foi futebolisticamente agitada e politicamente desastrosa. A bela estreia do Brasil, com direito a gol de placa de Richarlison, e as surpreendentes "zebras" protagonizadas pelas modestas seleções de Arábia Saudita e Japão, contra Argentina e Alemanha, respectivamente, tiveram como plano de fundo um país cuja cultura ataca deliberadamente os direitos humanos e as liberdades, cenário legitimado pela Fifa.

A restrição à venda de cerveja dentro dos estádios, que ironicamente atinge a principal patrocinadora do torneio, tem sido tema de grande repercussão entre os milhares de torcedores que viajaram ao Catar, contudo é o menor dos problemas a ser debatido. Há coisas mais sérias em jogo, que incluem perseguições religiosas, criminalização da homossexualidade e diversas restrições as mulheres, contexto oposto ao significado de uma Copa, onde o propósito é promover união e diversificação.

O radicalismo é tanto que o correspondente do O POVO no Catar, Victor Pereira, foi atacado na última terça-feira, 22, após policiais confundirem a bandeira de Pernambuco com símbolo relacionado à comunidade LGBTQIA .

Seleções como Inglaterra, França e Dinamarca até planejavam usar braçadeiras com arco-íris e a mensagem "One Love" em protesto às restrições impostas pelo Catar à comunidade LGBTQIA , mas foram ameaçados pela Fifa e acabaram desistindo. O argumento de que é preciso respeitar a cultura local é uma das justificativas utilizadas, mas isso não inclui normalizar opressões.

Dentro de campo, os atletas têm feito sua parte: jogar futebol e entreter o público. O equilíbrio tem sido o tom na maior parte dos confrontos — foram cinco empates, quatro a mais que a edição inteira de 2018 —, com algumas surpresas interessantes, como Irã, Arabia Saudita, Japão, Senegal e Equador.

Em busca do hexa, o Brasil confirmou o favoritismo e derrotou a Sérvia, em dia avassalador de Richarlison. Contra os europeus, o "Pombo" voou e marcou um golaço de voleio, tento que ficará eternizado na história da Copa do Mundo.

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