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JORNALISMO. "Ela é vaidosa, não revela a idade que tem". Era assim que minha mãe sempre se referia a Glória Maria quando ela aparecia no jornal. Quando eu me entendi por gente, ela já estava lá trazendo informações de uma forma simples e direta.

Com uma conduta ímpar diante das câmeras, ela conseguia falar comigo assim como todos que acompanhavam seu trabalho. Eu nem sonhava ainda em ser jornalista, mas ela já estava lá com sua cor, com seu cabelo, com sua força transmitindo não apenas informações, mas também garra, segurança, empatia, empoderamento (muito antes dessa palavra entrar na moda).

Quando ela aparecia, eu me sentia mais à vontade diante de jornais que tinham homens e mulheres dentro de um padrão. Ela trazia o padrão Glória Maria. Primeira repórter a aparecer nas transmissões do principal telejornal do País. E, naquele dia, ela passou seu primeiro sufoco no ar.

À época, eram usados equipamentos portáteis de geração de imagens. Logo no início da gravação, a lâmpada queimou. Ela desistiu? Não! Ela improvisou, mas não deixou de aparecer como a primeira negra a fazer o que nenhum outro repórter de TV havia feito até então.

Seu pioneirismo deu a mim e a outras meninas isso: inspiração para lutar pelos sonhos, pela vida. Quando eu disse à minha mãe que queria ser jornalista, ela me perguntou: "Mas vai ser igual a Glória Maria?" Lembro de ter sentido um frio na barriga… "Vou mãe. Ela me deu essa chance".

Ela foi a precursora desse cenário em que vivemos hoje, como mulheres negras ocupando espaços na imprensa com vigor. Sua ousadia, seu talento, sua inteligência, seu primor incentivou que outras meninas negras fossem às telas mostrar o que somos.

Posso ser mais ousada ainda em dizer que ela também inspirou esse movimento de influencers de viagens que percorrem o mundo querendo ser um pouco Gloria Maria. Uma mulher visionária que deixa em mim e em você o melhor sentido da vida: liberdade para ser quem é. Obrigada, eterna Glória Maria!.