É de uma triste ironia ter de reclamar de chuva em pleno Dia de São José. No Jornalismo de Cidades, aprendemos a focar na necessidade de água de todo o Ceará, em vez de nos transtornos que as precipitações trazem a alguns cidadãos. Mas a regra tem limites claros. Guilherme, 8; João Gabriel, 2; e Samara, 21, mostram isso. Os três morreram em deslizamento de terra em Aratuba, após mais de 50mm de água cair do céu em pouco mais de uma hora.
A chuva, porém, não é a única vilã da história. O desordenamento urbano e a expansão da desigualdade obrigam parte da população a criar abrigo em encostas ou junto a barragens. É por isso que quase sempre as vítimas são pobres.
Março é o mês mais importante do ano para a população do Ceará. É o mais chuvoso num Estado escondido na profundidade do Semiárido. Ou seja, um desastre como o de Aratuba é previsível. Sempre chove em março.
O termo-chave para evitar tragédias é governança. A Funceme monitora, avisa a Defesa Civil, que alerta as Prefeituras, que têm como obrigação agir com rapidez, que devem ter já listados e monitorados os pontos de risco. O foco é proteger os cidadãos.
Hoje é dia de reza para quem é de reza. E mesmo com a dor, oremos por chuva. Que a água encha os açudes. Que a água faça a safra bater recordes. Que a água caia de forma igual em todo o território. E que ninguém mais fique debaixo da terra por conta dos excessos de chuvas e de desigualdades.