Qual é o saldo político da visita de Lula ao Ceará? A agenda do petista neste fim de semana, a primeira desde que assumiu novo mandato presidencial, consolidou a liderança de Camilo Santana às vésperas do pleito municipal e num momento de deslocamento de poder no Estado, com avanço do PT e recuo do PDT. Lula fez isso não somente pelo uso de expressões superlativas ("melhor governador" e "melhor ministro da Educação"), mas pela natureza dos eventos cumpridos em âmbito local e na ênfase dada a certos personagens - Camilo, Elmano de Freitas e também Cid Gomes, além de membros do Governo Federal.
Foram dois lançamentos de programas nacionais na área da educação, dos quais participaram chefes de Executivo estadual, ministros e outras lideranças regionais. Pela foto oficial, viu-se um grupo em torno do qual deve se estruturar a composição das próximas disputas nas urnas - sob esse ângulo, por exemplo, convém observar a movimentação de Evandro Leitão (PDT), à vontade no palanque lulista. Para além de gestos de força, no entanto, nota-se uma reorganização das alianças no Interior, com alinhamento de prefeitos na órbita das duas máquinas administrativas vigorosas.
Há, finalmente, outro aspecto presente no reiterado tom elogioso com que o presidente da República se referiu a Camilo: o sucesso do MEC, replicando modelo e almejando objetivos que norteiam há décadas a política cearense, é hoje um dos motores da gestão Lula 3, sobretudo num cenário em que a economia ainda não deu sinais de melhora e a articulação do Planalto no Congresso encontra dificuldades.