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O submarino e a tragédia que nos atrai
Farol

O submarino e a tragédia que nos atrai

Quando ainda não se tinha conhecimento do fim lamentável, multidões se angustiaram com a contagem regressiva em relação às horas de oxigênio
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Submersível implodiu no mar (Foto: OCEANGATE EXPEDITIONS/REUTERS)
Foto: OCEANGATE EXPEDITIONS/REUTERS Submersível implodiu no mar

Não foi por acaso que o desaparecimento de um submersível, nas profundezas do gélido Atlântico Norte, atraiu a atenção de tanta gente. O volume e a conjugação de coincidências, riscos, dinheiro e curiosidades mexeu com aspectos psicológicos e sociais de modo poucas vezes visto. Como assim um minúsculo submarino de nome Titan, levando bilionários para os escombros de um navio que afundou há mais de um século, simplesmente some do mapa?

Quando ainda não se tinha conhecimento do fim lamentável, multidões se angustiaram com a contagem regressiva em relação às horas de oxigênio. Virou um filme criado na cabeça de cada um que estava ávido por detalhes e pelo desfecho dessa história real, mas com todas as características de um blockbuster. Milhões de visualizações em vídeos e matérias, as teorias mais interessantes ou absurdas possíveis. Otimistas e pessimistas acompanhando de longe, com certo fascínio, a aventura perigosa que virou drama e que, só depois, saber-se-ia ser tragédia: "implosão catastrófica".

Toda nossa humanidade ficou ali exposta, com falhas e virtudes sendo compartilhadas à medida que novas informações surgiam. Não foi uma comoção mundial, mas uma espécie de catarse coletiva em meio a memes e piadas. "Ao menos não sentiram dor", pensamos no fim com o que ainda nos restou de compaixão. As reflexões e julgamentos não devem ser só sobre as vítimas, mas também sobre nós mesmos. O roteiro está pronto, James Cameron. Mãos à obra.

 

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