Independente de seu nome — seja jumento, jegue ou asno — a espécie Equus asinus é reconhecida no imaginário popular e religioso. Neste domingo, 30, defensores do animal se reuniram em frente ao Mercado dos Peixes, na avenida Beira-Mar, como parte de um protesto nacional contra o seu abate.
A ação objetivava evitar a utilização do couro retirado do jumento, após a sua morte, para a produção de ejiao, gelatina considerada um ingrediente na medicina tradicional chinesa, mas que não possui embasamento científico de seu funcionamento.
Em sua quinta edição, a manifestação é liderada pela ativista Stefanie Rodrigues, presidente da organização não-governamental Anjos da Proteção Animal (Apa). “Nós pretendemos lutar até esgotar os últimos recursos que nós temos”, destaca.
A aprovação do projeto de lei 1973/2022, de Ricardo Izar (Republicanos - SP), com o suporte de Célio Studart (PSD - CE), foi um dos pontos prioritários dos protestos no domingo. Em seu conteúdo, o PL proíbe o abate do jumento em todo o território nacional.
Do outro lado, a demanda pelo colágeno, presente na pele dos jumentos, para o eijao movimenta uma indústria em crescimento. Segundo a entidade filantrópica “The Donkey Sanctuary”, a produção anual do ingrediente cresceu, entre 2013 e 2016, de 3.200 para 5.600 toneladas.
No portal da organização filantrópica, os números de jumentos abatidos para a alimentar a indústria de eijao são incertos, devido ao comércio ilegal, mas uma pesquisa da Universidade de Reading oferece uma estimativa. Acredita-se que cerca de 4,8 milhões de peles foram necessárias para a taxa de produção de 2016.
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De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de jumentos no Brasil sofreu com uma queda populacional de 38% entre 2011 e 2017, ano do último Censo Agropecuário registrado.
Na manifestação, a presidente da Comissão de Defesa dos Direitos dos Animais da OAB-CE, Geórgia Carioca, afirma o compromisso em estimular e amparar projetos de lei e movimentos, por meio de assembleias e audiências públicas.
“Para estar influenciando a decisão dos parlamentares no sentido de formalizarem as leis que realmente vão protegê-los (jumentos). E depois da lei, vamos fiscalizar a sua execução, como nós fazemos”, explica.
A bancária Liana Barros também participou da manifestação. A profissional é neta da advogada e figura de referência pelos direitos dos animais, Geuza Leitão, que morreu em abril de 2023.
“A minha vó é pioneira da luta pelos animais e ela sempre teve um amor especial pelos jumentos, então essa manifestação é a cara dela. Ela participou todos os anos das outras manifestações”, afirma.
Os protestos contra o abate dos jumentos aconteceram em diferentes capitais do País. Além de Fortaleza, no estado do Ceará, Aracaju (Sergipe), Florianópolis (SC), Recife (Pernambuco), São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ) foram alguns dos espaços escolhidos para as manifestações no domingo.
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