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Morre Aderbal Freire-Filho, diretor teatral cearense, aos 82 anos
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Morre Aderbal Freire-Filho, diretor teatral cearense, aos 82 anos

O diretor teatral cearense Aderbal Freire-Filho morreu aos 82 anos
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ADERBAL nasceu em Fortaleza no ano de 1941 (Foto: Edimar Soares, em 15/3/2011)
Foto: Edimar Soares, em 15/3/2011 ADERBAL nasceu em Fortaleza no ano de 1941

O diretor teatral cearense Aderbal Freire-Filho morreu nesta quarta-feira, 9, aos 82 anos de idade, no Rio de Janeiro. A informação foi confirmada pela família ao jornal O Globo. O artista passou alguns meses internado após sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Ele era companheiro da atriz Marieta Severo desde 2004.

Nascido em Fortaleza no ano de 1941, ele começou a carreira artística ainda adolescente. Após se graduar em Direito, o cearense mudou para o Rio de Janeiro em 1970, quando apresentou “Diário de um louco”, de Nikolai Gogol. A obra foi encenada dentro de um ônibus que percorria as ruas da cidade carioca.

"Como teórico da Encenação, criou, além de coletivos de criação, conceitos e práxis. Por exemplo, a proposição do ‘Romance em Cena’ que, sem a intermediação de qualquer processo adaptativo, teatraliza a literatura. E assim incorporou ao modus faciendi da representação o tônus épico, mesmo durante alguns desempenhos em ação dramática", relembra Ricardo Guilherme, teatrólogo e amigo de Aderbal.

Defensor da integração entre os teatros dos países da América do Sul, Aderbal promoveu apresentações no Brasil e no Uruguai, tendo recebido o título de “visitante ilustre” pela Câmara Municipal de Montevidéu, no ano de 2018. "Um dos mais imprescindíveis pensadores do Teatro Contemporâneo, referência não apenas no Brasil, mas em vários países da América Latina", descreve Ricardo Guilherme.

Em 2013, o cearense recebeu o Prêmio Shell de Teatro na categoria Melhor Diretor pelo espetáculo “Incêndios”, peça protagonizada por Marieta Severo, sua esposa. Na vida acadêmica, foi professor na Casa das Artes de Laranjeiras, na Escola de Teatro Martins Pena e na Faculdade de Letras da UFRJ, e coordenador de um curso de pós-graduação na Escola de Comunicação da UFRJ.

No ano de 2012, Aderbal Freire-Filho foi convidado para integrar o elenco de “Dupla identidade”, série da Globo dirigida por Glória Perez. Na produção, Aderbal contracenou juntamente com Bruno Gagliasso e Marisa Orth, no qual interpretou o político Otto Veiga.

Repercussões

Conhecido como um dos principais nomes do teatro brasileiro, diversos artistas lamentaram a morte do diretor cearense.

“Um dos maiores diretores do teatro brasileiro. Extraordinário! Uma das melhores pessoas que conheci e tive a honra e o prazer de trabalhar”, relembrou o ator Felipe Camargo, em publicação no Instagram.

Na mesma rede social, a atriz Cláudia Abreu desejou pêsames para Marieta Severo, viúva de Aderbal: “Um de nossos grandes gênios teatrais. Que Domingos e Paulo José te recebam em festa! Para Marieta, todo o meu carinho e admiração.”.

Rainer Cadete destacou a importância de Aderbal para o teatro e agradeceu “pela sua arte” que contribuiu para o desenvolvimento cultural brasileiro. A cineasta Rosane Svartman relembrou de um espetáculo que ficou guardado em sua memória ao homenagear o cearense: “Acho que a peça do gigante Aderbal Freire Filho que mais me marcou foi ‘O Tiro que Mudou a História’, encenada pelo Museu do Catete. Nunca vou esquecer. Obrigada, Aderbal!”.

A bailarina e coreógrafa Deborah Colker publicou uma foto com Aderbal em seu Instagram e escreveu: “Um artista brilhante que agora ilumina os palcos eternos. Sua paixão pelas artes, sua criatividade contagiante e seu espírito caloroso deixaram uma marca eterna em cada um de nós. Que sua jornada seja de paz e inspiração. Descanse em paz, Aderbal.”.

O ator Armando Babaioff revelou o seu desejo de trabalhar juntamente com Aderbal e lamentou não ter tido a oportunidade. “Felizmente aprendi muito assistindo. Aderbal Freire Filho nos deixou hoje, mas nos deixou com uma responsabilidade muito grande, a de continuar amando o teatro como ele amava. Viva Aderbal!”.

Lúcio Mauro Filho compartilhou lembranças que teve com o cearense: “Um dos programas favoritos que eu tinha com meu mestre Ivan de Albuquerque era ir assistir ao novo espetáculo de Aderbal, tão logo estreasse. E depois, uma resenha com o próprio, para deleite do jovem Lucinho. Ainda tive a chance de acompanhar de perto sua linda parceria com Marieta Severo e Andréa Beltrão no Teatro Poeira.”.

Chamando Aderbal de “mestre” e listando qualidades, o ator encerra a homenagem a Aderbal com "Descansa em paz Aderbal! O Brasil agradece o teu talento e contribuição indelével à cultura nacional.”.

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