O líder indígena Ailton Krenak concorre à vaga na Academia Brasileira de Letras. Se eleito, Krenak será a primeira representação indígena a ocupar uma cadeira na academia centenária.
A vaga aberta é da cadeira número 5, deixada pelo historiador José Murilo de Carvalho, que morreu no último domingo, 13. O espaço também já foi ocupado pela escritora cearense Rachel de Queiroz.
O autor de "Ideias para Adiar o Fim do Mundo", "A Vida Não É Útil" e "Futuro Ancestral" deve disputar a vaga com a historiadora e professora carioca Mary Del Priore. Após a “sessão da saudade”, ritual tradicional para se despedir do acadêmico morto e declarar a vaga aberta, realizada nesta quinta, 18, Krenak e Mary oficializaram suas campanhas com cartas que serão enviadas ao presidente da instituição, Merval Pereira. A escolha acontece daqui 45 dias.
A corrida para uma representação indígena na academia não é a primeira. Há dois anos, o escritor e indígena Daniel Munduruku concorreu à vaga na Academia e foi derrotado pelo médico Paulo Niemeyer Filho. A candidatura de Munduruku foi defendida por abaixo-assinados e apoiada por celebridades e movimentos sociais, mas não adiantou.
“Sou capaz de abandonar um sonho longamente sonhado, fartamente gestado e literariamente escrito para que a causa seja vencedora. Desejo sucesso ao parente Ailton Krenak. Ele vencendo, todos ganhamos”, afirmou Munduruku nas redes sociais.
Ailton Krenak é ativista do movimento socioambiental e defensor dos direitos dos povos indígenas. O ambientalista participou da fundação da Aliança dos Povos da Floresta e da União das Nações Indígenas (UNI) e exerceu um papel crucial na conquista dos Direitos Indígenas na Constituinte de 1988.
Krenak protagonizou uma das cenas mais marcantes da redemocratização. Durante a Assembléia Constituinte, ele pintou o rosto com tinta preta do jenipapo durante seu discurso como forma de protesto.
Atualmente, Krenak é professor honoris causa pela Universidade de Brasília (UnB) e pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e vive na Reserva Indígena Krenak, na cidade mineira de Resplendor, no Vale do Rio Doce.
Todo mundo tem uma história de medo para contar e o sobrenatural é parte da vida de cada um ou das famílias. Alguns convivem com o assombro das manifestações ou rezam para se libertar das experiências inesperadas. Assista ao filme clicando aqui.