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Ajuda internacional acelera na Líbia após inundações mortais
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Ajuda internacional acelera na Líbia após inundações mortais

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Carros estão empilhados sobre os escombros de um edifício destruído em inundações repentinas depois que a tempestade mediterrânea
Foto: AFP Carros estão empilhados sobre os escombros de um edifício destruído em inundações repentinas depois que a tempestade mediterrânea "Daniel" atingiu a cidade de Derna, no leste da Líbia, em 13 de setembro de 2023. Um esforço de ajuda global para a Líbia ganhou força em 14 de setembro, após um tsunami do tamanho de um tsunami. A inundação repentina matou pelo menos 4.000 pessoas, com milhares de desaparecidos, um número de mortos que a ONU atribuiu em parte ao legado de anos de guerra e caos.

A ajuda internacional à Líbia se intensificou nesta quinta-feira (14), após as inundações que deixaram milhares de mortos e desaparecidos no leste do país, onde as buscas por sobreviventes continuam.

Aviões e navios de países do Oriente Médio e da Europa transportam ajuda de emergência ao país do norte da África, marcado por mais de uma década de conflitos.

Além dos mortos e desaparecidos, dezenas de milhares de pessoas foram deslocadas pelas inundações repentinas de domingo provocadas pela tempestade Daniel, que afetaram, em particular, a cidade costeira de Derna.

O acesso à área afetada continua sendo muito difícil por causa da destruição de rodovias e pontes, além dos danos às redes elétricas e telefônicas de vastas áreas, onde pelo menos 30.000 pessoas ficaram sem casa. Vários caminhões carregados com alimentos conseguiram entrar em Derna.

As chuvas que caíram na madrugada de segunda-feira levaram ao rompimento de duas represas, provocando uma enxurrada similar a um tsunami, que arrastou prédios, veículos e pessoas.

Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), a maioria das mortes "poderia ter sido evitada" caso os sistemas de alerta precoce e de gestão de emergências tivessem funcionado de maneira correta.

"Perdi amigos e pessoas próximas. Estão soterrados sob a lama, ou foram arrastados pela água até chegarem ao mar", disse à AFP Abdelaziz Busmya, 29 anos. Segundo ele, pelo menos 10% da população de Derna, que tinha 100 mil habitantes, teriam morrido.

A ONU prometeu US$ 10 milhões (R$ 49,2 milhões) para ajudar os sobreviventes na Líbia, incluindo ao menos 30.000 pessoas que, segundo a organização, ficaram desabrigadas em Derna.

Nesta quinta-feira, socorristas continuavam retirando corpos dos prédios inundados ou do mar. Equipes de resgate fizeram uma descoberta macabra ao tirarem a água de uma casa alagada. Na operação, testemunhada pela AFP, foram encontrados os corpos de uma mulher e de seu filho, que segurava nos braços.

 

 

Os desafios para os trabalhadores humanitários são imensos. "As rodovias estão obstruídas, destruídas e inundadas, o que dificulta o acesso da ajuda humanitária", destacou a Organização Internacional para as Migrações (OIM). Já o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) anunciou hoje que enviou equipes adicionais para distribuir ajuda humanitária e acrescentou que forneceu 6.000 sacos mortuários.

O Programa Mundial de Alimentos (PMA) indicou que começou a prestar ajuda a mais de 5.000 famílias deslocadas pelas cheias. Muitos países também anunciaram o envio de ajuda, incluindo Reino Unido, Egito, França, Turquia, Itália, Argélia, Catar e Tunísia. Os Emirados Árabes enviaram dois aviões com 150 toneladas de ajuda.

 

 

A Líbia, um país rico em petróleo, ainda se recupera da guerra e do caos posteriores ao levante que derrubou e matou o ditador Muamar Kadhafi em 2011. O país está dividido entre dois governos rivais: a administração reconhecida internacionalmente, com sede em Trípoli, e uma administração separada, na região afetada pelo desastre.

O porta-voz do Ministério do Interior do governo instalado no leste do país, tenente Tarek al-Kharraz, afirmou que até a tarde de ontem haviam sido contabilizados 3.840 mortos na cidade de Derna. Desse total, 3.190 já foram enterrados. Entre as vítimas, estão ao menos 400 estrangeiros, principalmente sudaneses e egípcios.

Mais de 2.400 pessoas continuam desaparecidas, segundo autoridades do leste. Já a imprensa divulga balanços ainda maiores de vítimas, com base em depoimentos de outras fontes.

Um funcionário da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV) indicou que as inundações podem ter deixado 10.000 desaparecidos. Outro encarregado da Cruz Vermelha fez um alerta para o risco vinculado às minas terrestres arrastadas pela água.

 

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