Os clientes do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) no Banco do Brasil já podem entrar em contato com a instituição para renegociar suas dívidas, sejam adimplentes ou inadimplentes.
De acordo com as normas publicadas no Diário Oficial da União, os débitos em atraso poderão ter até 100% do desconto em juros e multas. No caso de liquidação integral do contrato, o desconto chega a 99% do valor consolidado na dívida.
Para saber se faz parte do público-alvo, os estudantes devem entrar em contato com a Central de Relacionamento do BB por meio dos telefones 4004 0001 (capitais e regiões metropolitanas) ou 0800 729 0001 (demais localidades).
Os que não possuem débitos em atraso com o banco terão desconto de 12% do valor consolidado da dívida, inclusive principal, para pagamento a vista.
As condições se aplicam para financiamentos contratados até o segundo semestre de 2017 e que se encontravam em fase de amortização em 30 de junho deste ano. Outro ponto é que quem participar têm até 31 de maio de 2024 para efetuar a renegociação.
Os estudantes ou formados até 2017 com contratos que possuem débitos com mais de 90 dias não pagos até 30 de junho deste ano terão:
Já os com débitos vencidos e não pagos por mais de 360 dias vão poder renegociar da seguinte forma:
Além disso, os que estão inscritos no Cadastro Único dos Programas Sociais (CadÚnico) e receberam Auxílio Emergencial em 2021, com débitos vencidos e não pagos por mais de 360 dias em 30 de junho de 2023, têm condições diferenciadas:
No entanto, os estudantes descritos nas condições acima, cuja data da última prestação prevista em contrato esteja em atraso superior a cinco anos terão:
Após participar de reunião em Brasília, o ministro Camilo Santana participou de agenda oficial nesta segunda-feira, 6, em Fortaleza. Ao O POVO, ele afirmou que, até o próximo dia 16, Caixa e Banco do Brasil devem lançar apps para renegociações de dívidas do Fies de forma online.
"A grande maioria das pessoas deve acessar através do aplicativo porque é mais fácil. O acesso ocorrerá fazendo um cadastro e já vai dizer quais as condições que vai querer no refinanciamento", explica.
O ministro destaca ainda que os inadimplentes do Fies que procurem as instituições financeiras serão informados se têm direito de participar do refinanciamento e sob quais condições poderão participar.
A título de comparação, o refinanciamento de dívidas do Fies realizado em 2022 teve um alcance menor do que o esperado pelo então governo Bolsonaro.
Quando o programa foi lançado, em janeiro de 2022, via medida provisória (MP), havia a expectativa de atender mais de 1 milhão de pessoas, num montante no valor de R$ 35 bilhões em contratos.
Naquela época, dos mais de 2,6 milhões de contratos ativos do Fies, 48,8% (1,07 milhão) estavam inadimplentes há mais de 360 dias. O desconto máximo aplicado em 2022 foi de 92%.
A adesão, porém, ficou aquém do esperado e, segundo a Caixa, pouco mais de 135 mil estudantes e ex-estudantes devedores aderiram às renegociações. Aquelas regras perderam a validade ao fim de dezembro de 2022.
Ao analisar o histórico de inadimplência do Fies, conforme dados do FNDE, é notável um movimento de aumento relevante pelo menos desde 2018.
Há cinco anos, o Fies tinha mais de 476,7 mil contratos em dívida. Em 2019, o número saltou para 757 mil; até que em 2020 passou de 1 milhão de beneficiários inadimplentes, número que cresceu mais um pouco em 2021.
De acordo com levantamento do FNDE, divulgado em março passado, dos quase 1,9 milhão de ex-estudantes que estavam na fase de pagamento de parcelas (amortização) em dezembro de 2022, 53,7% estão com dívidas atrasadas há mais de três meses.
O percentual de inadimplência no Fies observado ao fim de 2022 não é o maior da série histórica do programa. O período mais caótico de inadimplência foi observado em junho de 2020, quando 54,6% dos ex-estudantes em fase de amortização estavam devendo parcelas há mais de 90 dias.
*Com informações do repórter Samuel Pimentel