Ao vetar integralmente a desoneração da folha de pagamento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu início a uma jogada que deve culminar com uma justificativa para que o governo federal não mantenha a meta de déficit zero nas contas públicas do próximo ano. E senadores e deputados serão as peças utilizadas por ele para atingir o objetivo.
De imediato, logo que souberam do veto, os congressistas se movimentaram para indicar a derrubada - como fizeram com o então presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2021. Com a virada, o benefício para 17 setores deve ser ampliado até 2027, indicando uma renúncia fiscal bilionária para os próximos quatro anos.
Era o argumento que faltava para que o presidente justifique, na prática, a ideia defendida há algumas semanas na qual admitiu não concordar com a meta fiscal de 2024. Apoiado pela chamada ala gastadora do governo e por parte do PT, ele pôs por terra um dos mais elogiados pontos do novo arcabouço fiscal: o déficit zero nas contas públicas do próximo ano.
Simultaneamente, a jogada de Lula expõe as contradições da economia brasileira, que precisa manter os cofres do governo sadios ao mesmo tempo que cede benefícios fiscais. No caso, uma contradição criada pelo próprio PT, uma vez que a desoneração foi iniciada no governo Dilma Rousseff.