A Polícia Federal, o Ministério Público de São Paulo e a Receita Federal realizaram ontem uma operação contra uma organização que desviou 12 toneladas de produtos químicos para produção de cocaína e crack e teria lucrado ao menos R$ 3,7 milhões com o esquema.
Entre os alvos da ofensiva está o influenciador fitness Renato Cariani, que tem cerca de 7 milhões de seguidores nas redes sociais. Agentes vasculharam a casa dele, assim como a empresa da qual ele é sócio.
Nas redes sociais, Cariani postou um vídeo sobre a ação, dizendo que não teve acesso ao conteúdo das investigações e teve a casa vasculhada por ser sócio de uma das empresas sob suspeita. Segundo o influenciador, a companhia foi fundada em 1981 e é controlada por sua sócia, de 71 anos. "Tem sede própria, todas as licenças, certificações nacionais e internacionais. Trabalha totalmente regulada", diz.
Batizada de Hinsberg, a ofensiva cumpriu 18 ordens de busca e apreensão em endereços em São Paulo, Paraná e Minas Gerais. Segundo a PF, o nome faz alusão a Oscar Hinsberg, químico que percebeu a possibilidade de converter compostos químicos em fenacetina - principal insumo desviado no esquema, que ainda envolvia fraude na emissão de notas fiscais por empresas licenciadas a vender produtos em São Paulo. O grupo é suspeito de fazer vendas fictícias a multinacionais - que eram vítimas da fraude, figurando como compradoras - e usava ‘laranjas’ para depósitos em espécie, como se fossem funcionários das grandes empresas.
O MP-SP chegou a chancelar o pedido da PF para que fosse expedido mandado de prisão contra Cariani e outros dois investigados - sua sócia, Roseli Dorth, e seu ‘amigo’ Fábio Spinola Mota. A Justiça não acolheu os pedidos.
DENÚNCIA
A investigação teve início a partir de uma denúncia feita em 2019 pela farmacêutica AstraZeneca, sobre emissão de notas fiscais em 2017 referentes a movimentações de produtos químicos que não reconhecia como suas. Depois, a PF recebeu mais dois relatos parecidos, da Cloroquímica e da LBS Laborasa. As denúncias colocaram o MP no encalço das empresas Anidrol e da Quimietest, de um mesmo grupo administrado por Cariani e Roseli Dorth.
Foram identificadas 60 vendas fraudadas de lidocaína, fenacetina e manitol. A PF estima que os insumos podem ter viabilizado a produção de 15,8 toneladas de cocaína ou 12,2 toneladas de crack